O tema das inundações no Rio Grande do Sul dominou as redes sociais e motivou 7,7 milhões de publicações, que tiveram 71,1 milhões de engajamentos entre 7 e 13 de maio. Essa é uma das conclusões de um estudo produzido pelo Instituto Democracia em Xeque (DX) ao qual a Agência Pública teve acesso exclusivo A organização aponta que 4,3 milhões de postagens envolviam desinformação e renderam pelo menos 28 milhões de engajamentos O estudo atribuiu 75% das interações nesse tipo de conteúdo à extrema direita cuja produção foi classificada como “contínua” e “massiva” O levantamento usou uma amostra de quase 2.500 publicações no Facebook X (antigo Twitter) e TikTok para elencar as principais narrativas das mensagens contendo desinformação no período.  os conteúdos com dados falsos classificavam como incompetente o socorro prestado pelas Forças Armadas abordavam a já desmentida recusa de ajuda do Uruguai pelo governo brasileiro acusavam o Estado de ineficiência burocrática e de censurar críticos além de manter um suposto conluio com os veículos de comunicação as postagens propagaram negacionismo climático e denunciavam suposto superfaturamento de purificadores de água bem como a suposta apropriação de doações de voluntários pelo governo O instituto fez também uso de amostras de cerca de 150 grupos do Telegram em que se multiplicaram teorias conspiratórias incluindo alegações falsas que sugeriam o uso de tecnologias de indução climática no episódio para justificar supostas medidas autoritárias em resposta à crise do Programa de Pesquisa Ativa de Alta Frequência de Auroras (Haarp) desenvolvida pela Universidade de Alaska Fairbanks na década de 1990 não tem capacidade de manipular o clima e é usada para estudar ondas eletromagnéticas na atmosfera A ex-assessora especial da Secretaria Nacional para Direitos Digitais do Ministério da Justiça Estela Aranha ressaltou como em casos de tragédias “as comunidades se encontram mais vulneráveis os indivíduos afetados e a população em geral experimentam nervosismo ou ansiedade e geralmente há escassez de informações de que precisam” “Não é um fenômeno novo ou exclusivo do Brasil como vimos na epidemia da covid-19 Temos relatos que as notícias falsas interferiram nos esforços de resposta ao furacão Katrina [nos EUA]” reforçando o temor da descredibilização de autoridades em momentos de crise e como esse cenário pode impactar até mesmo as doações em socorro às vítimas O estudo avaliou que figuras do campo progressista assumiram a missão nas redes de combater conteúdos com desinformação Um dos perfis com maior alcance e engajamento no período foi o do empresário e influenciador Felipe Neto cuja ação de levar purificadores de água para o Rio Grande do Sul virou tema de conteúdos falsos ao longo da semana analisada Neto afirmou que o comportamento durante a crise das inundações seria uma demonstração do funcionamento do discurso de ódio e da extrema direita “O interesse deles em me atacar é movido apenas para que pessoas não me validem como um ser humano digno é fundamental desumanizar aqueles que não fazem parte do seu grupo o objetivo de destruir os inimigos políticos é muito maior que o de salvar vidas” o movimento percebido nas redes sociais de ataque ao Estado e às Forças Armadas tem como alvo maior as eleições municipais deste ano e as presidenciais de 2026 o movimento de negação da política nascido em 2013 que teria ajudado a eleger o ex-presidente Jair Bolsonaro “Toda essa narrativa do ‘povo pelo povo’ acaba tocando muito na questão de que as pessoas na linha de frente não veem o poder público porque não têm essa leitura ampla do Estado que não é só presidente e ministros Segundo o pesquisador associado do instituto Alexsander Dugno Chiodi os militares supostamente teriam sido alvo de extremistas devido a um não engajamento integral na tentativa de golpe de Estado do dia 8 de janeiro de 2023 [e] as denúncias do Mauro Cid em relação ao governo passado observamos vários expoentes da extrema direita se colocando contra o Exército e as Forças Armadas” Você faz parte do grupo mais fiel da Pública que costuma vir com a gente até a última palavra do texto Mas sabia que menos de 1% de nossos leitores apoiam nosso trabalho financeiramente que são muito bem recompensados pela ajuda que eles dão participação nas nossas newsletters e contato direto com a redação em troca de um apoio que custa menos de R$ 1 por dia Clica aqui pra saber mais! Se você chegou até aqui é porque realmente valoriza nosso jornalismo onde se reúnem os leitores mais fiéis da Pública fundamentais para a gente continuar existindo e fazendo o jornalismo valente que você conhece envie um pix de qualquer valor para contato@apublica.org Receba conteúdos exclusivos da Pública de graça no seu email Você pode republicar as matérias da Pública de graça no seu site – só precisa seguir algumas regras. Clique aqui e saiba como Gosta da nossa cobertura?Clique aqui e nos ajude a fazer mais!