Atletismo 25 de março de 2025 às 20:39 Leitura: 3 min “Trail Noturno do Mineiro” em estreia em São Pedro da Cova Bruno RodriguesSeguir autor Percurso do trail atravessa o antigo complexo mineiro e inclui um jantar volante e uma festa animada por DJ home > Notícias > Pavilhões Desportivos Municipais de Covelo e São Pedro da Cova reabrem após obras O Município de Gondomar investiu mais de 1,2 milhões de euros em obras de requalificação dos Pavilhões Desportivos Municipais de Covelo e de São Pedro da Cova O Pavilhão Desportivo Municipal de Covelo foi reaberto ao público após ter sido alvo de uma vasta operação de requalificação e de transformação do espaço realizou-se a sessão solene inaugurativa do Pavilhão Desportivo Municipal de São Pedro da Cova As intervenções nestes dois equipamentos desportivos que representaram um investimento superior a um milhão e duzentos mil euros bancadas e criação de condições de acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida As melhorias introduzidas vão permitir oferecer um maior conforto segurança e acesso a todos os utilizadores sendo por isso um investimento promotor de inclusão social foram financiadas ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) no âmbito do Investimento RE-C03-i06.03 – “Operações Integradas em Comunidades Desfavorecidas na Área Metropolitana do Porto” reforçando o compromisso do Município de Gondomar com a coesão social e o desenvolvimento territorial Notícias Leitura: 0 min Ameaça de bomba obriga à evacuação de escola em Gondomar A escola EB 2/3 de São Pedro da Cova foi evacuada durante a tarde desta segunda-feira que mais tarde se viria a confirmar como uma situação de falso alarme confirmam os bombeiros de São Pedro da Cova Os Bombeiros Voluntários de São Pedro da Cova foram acionados para o local às 15h22 tendo sido enviados um total de nove operacionais para a escola Se necessário entre em contato com Apoio a Cliente A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria Reduza a sua pegada ecológica. Saiba mais Junte-se à mobilidade do futuro aqui Siga o tópico Porto e receba um alerta assim que um novo artigo é publicado tendo sido mobilizada para o local a Brigada de Minas e Armadilhas que não detetou qualquer engenho explosivo Exclusivo assinantes: Ofereça artigos aos seus amigos após a intervenção da Brigada de Minas e Armadilhas da GNR tendo sido mobilizada para o local a Brigada de Minas e Armadilhas da GNR que O incidente está agora a ser investigado pela GNR um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta Obrigado por assinar o jornalismo que faz a diferença O mar está cada vez mais perto das zonas habitadas do quinto e do terceiro molhes freguesia situada na margem sul da Figueira da Foz está a menos de 30 metros da duna primária destruindo o pouco que resta da duna primária depois de ter desfeito os geocilindros e de “engolir” a areia proveniente de dragagens da zona portuária que ali tem sido descarregada Pode ler a notícia completa na edição impressa do dia 29/01/2025 do DIÁRIO AS BEIRAS Os requisitos obrigatórios estão identificados com (*) email e site neste navegador para a próxima vez que eu comentar Δdocument.getElementById( "ak_js_1" ).setAttribute( "value" Jul 20, 2022 | Notícia, Projetos A maior e mais exigente operação de recuperação de um passivo ambiental da Região Norte de sempre Nessa data saiu o último camião carregado com resíduos perigosos que ali estiveram depositados com condições para o seu tratamento e depósito O investimento ascendeu a quase 30 milhões de euros, tendo beneficiado de financiamento, em momentos e fases distintas, dos fundos europeus através do Programa NORTE 2020 e do Fundo Ambiental, conforme explicado no site da CCDR Norte procedeu à remoção de mais de 292 mil toneladas de resíduos perigosos provenientes da Siderurgia Nacional e depositados nas escombreiras das antigas minas de São Pedro da Cova A quantidade de resíduos associada à extensão e à orografia do terreno marcada por depressões com área e profundidade apreciáveis a elevada densidade de vários maciços ferrosos a perigosidade dos resíduos contaminados e a deteção de algum material explosivo durante a operação tornaram o projeto especialmente exigente e complexo “É um momento histórico para São Pedro da Cova mas também para Gondomar e para toda a Região Norte” uma página de má memória ambiental do país e desata-se um nó da garganta da população local” home > Eventos > Water Slide Summer 2024 – São Pedro da Cova Foi apresentada a Visita Pastoral à Vigararia de Gondomar que vai decorrer de outubro a dezembro deste ano Manuel Linda sublinhou na ocasião que a Visita Pastoral é também a proposta de um espaço de encontro para “refletir o que nos parece melhor para que a nossa Igreja seja mais viva” No domingo 22 de setembro foi apresentada no salão paroquial de Fânzeres a Visita Pastoral à Vigararia de Gondomar que vai decorrer de outubro a dezembro deste ano Uma sessão que encheu de fiéis aquele espaço da paróquia de Fânzeres respetivamente Vigário e Vigário Adjunto daquela vigararia Esteve presente na sessão o bispo do Porto Joaquim Dionísio que acompanha a Vigararia de Gondomar Manuel Linda recordou que “as Visitas Pastorais são uma obrigação muito antiga” que no passado tinham uma intenção de “inspeção” da vida das comunidades paroquiais a Visita Pastoral é sobretudo um momento para “dar ânimo às comunidades” O bispo do Porto sublinhou que a Visita Pastoral é também a proposta de um espaço de encontro para “refletir o que nos parece melhor para que a nossa Igreja seja mais viva” Neste sentido assinalou a importância da organização e animação dos Conselhos Económico e Pastoral na vida das comunidades paroquiais Joaquim Dionísio sublinhou a importância da organização da Visita Pastoral como uma “oportunidade” de dar lugar à “escuta” das populações e das comunidades Para que “não fiquemos apenas nas palavras” “Toda a ação pastoral parte sempre da proximidade” A Vigararia de Gondomar é composta por 11 paróquias: Baguim do Monte Na apresentação da Visita Pastoral feita nesta sessão pública sublinhou que “a Vigararia de Gondomar é das mais populosas” da diocese do Porto Uma Vigararia que “apresenta um contexto social muito heterogéneo que se revela na vida das comunidades As paróquias mais próximas do Porto são marcadamente urbanas enquanto que as paróquias do alto concelho são mais rurais” “O concelho de Gondomar foi terra de acolhimento para milhares de pessoas que O ambiente suburbano e urbano constitui um grande desafio à evangelização A prática dominical não ultrapassará os 5% têm outros centros de culto e pastoral (capelas) A nível social na Vigararia de Gondomar existem 3 centros sociais paroquiais em Baguim do Monte não esquecendo a Santa Casa da Misericórdia de Vera Cruz de Gondomar Na Vigararia de Gondomar registam-se várias presenças de casas religiosas: os padres Dehonianos em Gondomar; as Franciscanas Missionárias de Nossa Senhora na Quinta da Azenha e com o Externato de Santa Margarida e as Irmãs da Caridade do Sagrado Coração de Jesus como sendo “o momento e o tempo em que o bispo da diocese ou um seu bispo auxiliar visita cada uma das paróquias procurando conhecer a realidade das mesmas num gesto de proximidade ao povo cristão que as constitui e dinamiza” O padre Tiago Dias salientou ainda que a Visita Pastoral é também espaço para “procurar conhecer e visitar a comunidade onde a paróquia se encontra e vive” destacando que neste âmbito o bispo visita as autarquias as instituições e associações do território da Vigararia A Visita Pastoral à Vigararia de Gondomar terá solene encerramento com uma celebração vicarial na Igreja dos Capuchinhos marcando assim a abertura oficial da celebração do Jubileu na Vigararia de Gondomar “Peregrinos de esperança”: ciclo de conferências 2024/ 2025 Papa: no cuidado com os mais fracos está o verdadeiro poder Assine a Voz Portucalense Ficha técnica Estatuto editorial Ponto da situação dos incêndios em Gondomar às 17h45 Tendo em conta os vários incêndios ativos no concelho desde o dia de hoje a Câmara Municipal de Gondomar fez chegar às redações uma nota com o seguinte ponto da situação: foi evacuado o Lar da Santa Casa da Misericórdia de Gondomar Os idosos foram transportados para o Multiusos de Gondomar estando acompanhados pelos técnicos do próprio Lar e pelos técnicos das áreas da saúde e da ação social da Câmara Municipal de Gondomar foram evacuados três estabelecimentos de ensino – EB1 de Ramalde (S EB1 de Aguiar (Jovim) e Jardim de Infância de Trás da Serra (Jovim) Dos cerca de 100 alunos dos três estabelecimentos 20 foram transportados para o Multiusos de Gondomar já sido recolhidos pelos encarregados de educação – Foram cortadas as seguintes estradas: A43 (Gondomar a Gens) e Estrada D Miguel (entre a rotunda de acesso à A43 e Jovim) – Relativamente aos meios operacionais: 243 homens estão envolvidos no combate às chamas (137 Bombeiros Voluntários – Há a registar seis bombeiros feridos sem gravidade tendo um deles sido levado para o hospital – Os incêndios encontram-se em fase de evolução – O Posto de Comando Municipal está montado no Gondomar GoldPark– Parque Tecnológico Mais de 150 operacionais estão a combater as chamas em vários locais do concelho Quatro incêndios estão a lavrar em Gondomar e já obrigou à mobilização de 154 operacionais para o combate às chamas Nos locais estão também 40 viaturas terrestres e um meio aéreo A freguesia de São Pedro da Cova é a mais fustigada pelo fogo Um foco que está a mobilizar 22 bombeiros apoiados por seis viaturas e outro de maior dimensão A preocupação passa também por um incêndio que deflagrou em São Cosme/Jovim No local estão 58 bombeiros apoiados por 12 meios terrestres foram ainda retiradas pessoas das casas mais próximas ao local do incêndio num povoamento florestal que mobilizou mais 12 operacionais e três viaturas A tarde está complicada no concelho de Gondomar a Proteção Civil viu-se também obrigada a cortar estradas A circulação da Autoestrada A43 e a Estrada D presidente do Município de Gondomar e Bombeiro escreveu há instantes no Facebook que a “A43 está cortada a partir do nó de Gondomar Este” Miguel está cortada entre autoestrada e Jovim” e que há ainda a probabilidade de corte na N108 Pediu ainda aos cidadãos para evitar circular nestas zonas e fechar as janelas das casas home > Notícias > Hasta pública para a alienação de 25 lotes municipais na Zona Industrial de Tardariz O Município de Gondomar vai realizar uma hasta pública para alienação de 25 lotes municipais na Zona Industrial de Tardariz O ato público está agendado para as 10 horas do dia 23 de janeiro de 2025 e inicia-se com a abertura das propostas recebidas seguindo-se de licitação verbal e regendo-se pelas disposições contidas no programa de procedimento Programa do procedimento e caderno de encargos Deverão ser apresentados os documentos constantes da clausula 8.ª do programa do procedimento home > Atividade Municipal > Planeamento e Ordenamento > Áreas de Reabilitação Urbana Na sequência da delimitação das áreas de reabilitação urbana atento às dinâmicas do seu território e no sentido de dar uma resposta integrada de reabilitação e revitalização de algumas das suas zonas urbanas home > Notícias > Parque Urbano de São Pedro da Cova inaugurado O Parque Urbano de São Pedro da Cova foi hoje inaugurado num espaço de 21 mil metros quadrados e que representa um investimento municipal de 1,6 milhões de euros estarão disponíveis diversas atividades para os mais novos o Presidente da Câmara Municipal de Gondomar começou por realçar que a autarquia não esqueceu a freguesia e que “São Pedro da Cova também merece e esta população merece qualidade de vida” promovendo a inclusão e dando uma nova centralidade ao território Marco Martins enalteceu a importância de preservar um espaço que é de todos e foi feito a pensar em todos Sofia Martins destacou que “este parque vem desempenhar um papel fundamental no bem-estar da população com uma referência que promove a coesão social” Para a Presidente da União de Freguesias de Fânzeres e São Pedro da Cova além de permitir a realização de iniciativas abertas a todos O novo espaço verde foi construído no antigo campo de São Pedro da Cova Zonas de fruição e lazer e de recreio para crianças um anfiteatro ao ar livre e equipamentos para prática desportiva são algumas das valências deste equipamento que passa a estar a partir de hoje ao dispor da população A empreitada permitiu também requalificar o Tanque das Três Pernas pelo que a partir de agora é possível subir e ter uma vista panorâmica do território O equipamento serviu anteriormente para fornecer água à freguesia O Parque Urbano de São Pedro da Cova junta-se Parque de Lazer de Medas e Passadiço de Rio Tinto espaços verdes que integram a Rede Concelhia de Parques Urbanos e Passadiços e que já estão ao dispor da população home > Notícias > Museu Mineiro de São Pedro da Cova distinguido nos conteúdos digitais O Museu Mineiro de São Pedro da Cova foi distinguido na categoria “Projetos e Conteúdos Digitais” no âmbito de uma cerimónia de reconhecimento promovida pela Associação Portuguesa de Museologia (APOM) que valeu ainda uma Menção Honrosa na categoria “Museografia” surge depois dos trabalhos de remodelação da exposição permanente que pretenderam recriar a experiência sensorial e emotiva dos visitantes a imaginação e a reflexão acerca do passado mineiro de São Pedro da Cova Os trabalhos de reabilitação do equipamento foram promovidos pelo Município de Gondomar em parceria com a União de Freguesias de Fânzeres e São Pedro da Cova basearam-se no trabalho que tem sido realizado de forma a aproximar o Museu Mineiro de públicos mais jovens que não tiveram o mesmo contacto com o passado histórico do território Oferecer experiências sensoriais e cognitivas com mais valor numa conjugação entre espaço físico e ambiente digital Uma colisão entre um automóvel e um veículo ligeiro de mercadorias provocou quatro feridos ligeiros e levou ao corte temporário da Estrada Nacional 108 (EN108) O alerta para o acidente foi dado cerca das 07h10 mobilizando nove operacionais dos Bombeiros Voluntários de Melres e São Pedro da Cova As vítimas foram assistidas no local e transportadas para o Hospital de Santo António A via ficou interditada ao trânsito durante cerca de duas horas A GNR foi chamad ao local e estará a apurar as causas do acidente Homem encontrado morto junto ao sanatório de Gondomar foi encontrado sem vida este sábado de manhã na zona da Serra de Santa Justa próximo do Sanatório de Montealto avançou o Jornal de Notícias No local estão os Bombeiros Voluntários de S Pedro da Cova e a GNR de Fânzeres que está a investigar o caso uma vez que são desconhecidas as causas da morte do idoso não há indícios de crime Lufthansa pode ter benefícios fiscais superiores a 1,5 milhões por criar fábrica na Feira A Lufthansa Technik vai ter benefícios fiscais que podem ser superiores a 1,5 milhões de euros pela sua instalação em Santa Maria da Feira revelou essa autarquia do distrito de Aveiro e Área Metropolitana do Porto Mulher arrastada por carruagem de metro após ficar com mão presa na porta em Gaia Uma mulher foi arrastada cerca de dois metros por uma carruagem da Metro do Porto após ter ficado com uma mão presa na porta Vanessa da Mata e James Morrison atuam em julho no Douro & Porto Wine Festival A brasileira Vanessa da Mata e o britânico James Morrison são cabeças de cartaz no 4.º Douro & Porto Wine Festival que acontece nos dias 04 e 05 de julho em Lamego FC Porto: No miniestádio com o foco no Algarve CP alerta para fortes perturbações na circulação de 7 a 14 de maio devido a greves Moreira diz ser "um desperdício" não se avançar com transporte fluvial no rio Douro Câmara do Porto desenvolve nova plataforma para agilizar cobrança da Taxa Turística Foi uma Igreja repleta de pessoas e de alegria a que acolheu o Padre Tiago Dias na sua nova paróquia de São Pedro da Cova O novo pastor encontrou um rebanho muito diferente daquele que o seu antecessor e que dele se despedira numa emocionante eucaristia no dia anterior Uma comunidade imensamente grata pelos longos anos de entrega total sanassem desavenças e se reconhecessem novamente na voz do seu pastor e da Igreja para que oiça coisas boas desta terra feita de gente pobre mas solidária” foram as suas palavras de despedida na homilia da sua primeira eucaristia enquanto pároco de São Pedro da Cova revestindo-se da premência do Evangelho: “A vida eterna não é uma coisa para depois Viver na indiferença apenas nos pode conduzir à separação como Igreja que sabe que o seu destino é a eternidade em Jesus Cristo.” Palavras que galvanizaram toda a comunidade e que encontraram eco nas proferidas pelo Sr apresentou as boas-vindas e assegurou a vontade do rebanho em se unir sob a voz do novo pastor Divulgado o tema para o Dia Mundial das Comunicações Sociais 2023 Um livro de poemas de enquadramento latino home > Notícias > Inaugurada horta comunitária em São Pedro da Cova Foi inaugurada esta tarde a Horta Comunitária da Urbanização Municipal do Bairro Mineiro São 22 talhões de aproximadamente 25 metros quadrados disponíveis para a prática de agricultura biológica e de compostagem O Presidente da Câmara Municipal de Gondomar enalteceu o esforço que o Município tem feito na criação destes equipamentos além “de funcionarem como um espaço de excelência para a educação para a agricultura continuar o caminho de modos de produção mais saudáveis” um local para armazenamento das ferramentas e ainda um compostor liderado pela LIPOR e pelos municípios associados visa contribuir para a redução da produção de resíduos O objetivo é promover a qualidade de vida das populações através da produção alimentar em modo biológico e da criação de hábitos de cooperação e partilha Uma viatura ligeira capotou na tarde deste sábado na rua Rio Ferreira em São Pedro da Cova Do acidente resultou um ferido (o condutor da viatura) que foi transportado para o hospital No local estiveram vários meios de socorro dos bombeiros voluntários de São Pedro da Cova e de Gondomar (11 elementos e 4 viaturas) e ainda elementos do Posto da Guarda Nacional Republicana de Fânzeres Siga o tópico Teatro e receba um alerta assim que um novo artigo é publicado tenta fazer justiça ao povo daquela freguesia de Gondomar Sobem a palco habitantes dos 15 aos 85 anos toneladas de resíduos tóxicos foram depositadas nas escombreiras das antigas minas de carvão de São Pedro da Cova ao fim de muita mediatização e luta popular mas terminou sem culpados — o processo prescreveu recorda esse que considera “o maior crime ambiental cometido em Portugal” procura dar voz à população e fazer-lhe a “justiça possível” num momento em que se projetam novas minas de lítio e a crise climática é tema quente conhece agora a primeira apresentação a norte: a partir desta quinta-feira Tribunal Mina põe em palco habitantes de São Pedro da Cova com idades entre os 15 e os 85 anos descendentes de mineiros e um ex-presidente da Junta com foco nas questões ambientais decorrentes da referida deposição de resíduos perigosos num local que é tido como porta de entrada nas serras do Porto tabaqueiras (lenços que cobrem nariz e boca para proteger as vias respiratórias) ou óculos de britadeira (para defender os olhos) que procura recriar um tribunal — “Tribunal Popular Mineiro” cabem documentos da esfera judicial alusivos ao caso palavras de ordem como “saúde” ou “justiça” uma maqueta do complexo mineiro e histórias pessoais a questões como esta: lembra-se da chegada dos camiões que transportavam resíduos tóxicos para São Pedro da Cova “A gente via os camiões a entrar para lá e “Aquilo em São Pedro da Cova foi uma bomba atómica que botaram lá!” Já uma rapariga recorda como participou num cordão humano pelo ambiente a alertar para a necessidade de remoção dos resíduos A esse tribunal imaginado são chamados especialistas em crimes ambientais mas o grande objetivo é dar voz à população a peça visa criar “uma forma de justiça social através da ação artística” e viveu 21 anos ao lado de resíduos tóxicos com medo de que a água estivesse envenenada 21 anos com medo de beber água é muito tempo” André Amálio e Teresa Havlíčková formam aquela companhia de teatro documental e asseguram a direção artística do espetáculo que procura responder ao sentimento de injustiça dos populares ouvidas ao longo da peça: “O sistema judicial português falhou por completo em São Pedro da Cova”; “Não houve uma única pessoa responsável pelo maior crime ambiental cometido em Portugal” conclui-se que “talvez seja a altura de a natureza ter direitos” Que a natureza passe a ter direitos invioláveis é uma das propostas da petição que os espectadores vão ser convidados a assinar e a divulgar à saída do espetáculo defende-se ainda que a população de São Pedro da Cova seja indemnizada pelos danos sofridos ao longo de um processo que envolveu gastos avultados desde logo na remoção dos resíduos tóxicos “Por que terra é que passam 40 milhões de euros e as coisas ficam piores Era importante estas pessoas terem alguma compensação” como começou este trabalho desenvolvido pela companhia Hotel Europa em estreita ligação a São Pedro da Cova André Amálio lembra-se de ter ficado “muito chocado” ao tomar conhecimento do caso através de uma reportagem decidiu fazer algo sobre o tema e o resultado foram três anos de interação com a comunidade Entre as “atrizes” encontra-se Florinda Sousa a água entrava pela cabeça e saía pelos pés” e chegou.” Sobre a questão dos resíduos tóxicos assume: “A gente está sempre com um bocado de receio de que ainda lá esteja alguma coisa arrumada Tinha 11 quando os resíduos tóxicos começaram a ser depositados perto da sua casa “Nunca pensei que fossem resíduos perigosos atira: “Fica sempre a dúvida: será que vou desenvolver algum problema de saúde devido a este crime ambiental?” Daniel Vieira também era miúdo à data dos acontecimentos e cresceu para se tornar presidente da Junta de Freguesia de São Pedro da Cova em resultado de uma reportagem de televisão desenvolveu-se toda uma ação pela remoção dos resíduos” foi noticiada a saída de São Pedro da Cova do último camião carregado com os mesmos mas ainda paira sobre a população um certo medo a experiência de transportar aquelas vivências para o palco está a ser “incrível” desde logo porque “dá voz àqueles que não foram ouvidos neste processo” que não tenha havido “um apuramento concreto de responsabilidades” O Movimento Cívico Pensar Fânzeres apresentou na Assembleia de Freguesias de Fânzeres e São Pedro da Cova com o objetivo de iniciar o processo de desagregação das freguesias de Fânzeres e São Pedro da Cova “unidas contra a vontade dos cidadãos” o Movimento Cívico Pensar Fânzeres congratulou-se com a aprovação da Moção apresentada pela CDU na Assembleia de Freguesia e aprovada por maioria (PS – 2 a favor que permite a este Órgão (AF) dar inicio ao processo de reposição das duas freguesias foi recomendado à Presidente da mesma que tome as medidas necessárias para reposição das freguesias de Fânzeres e de São Pedro da Cova extintas contra a vontade das populações e dos respetivos órgãos autárquicos convocando uma Assembleia de Freguesia da qual conste a proposta de criação das freguesias de Fânzeres e de São Pedro da Cova para o mais breve prazo possível o Movimento Cívico Pensar Fânzeres afirma ainda que “não compreende o ziguezague do PS e do PSD/CDS nesta matéria.” Gondomar vai ser ‘invadido’ por jovens naquele que é o maior Festival da Juventude do concelho O Parque Urbano de Rio Tinto foi o local escolhido para acolher os dois espetáculos em destaque Bárbara Tinoco e Plutónio sobem ao palco na última semana de julho mas as surpresas e atividades não ficam por aqui há muito por onde escolher e participar na edição 2024 As festividades vão estar espalhadas pelo concelho e apesar de gratuitas há iniciativas que carecem de inscrição prévia O evento juvenil decorre de 13 a 27 de julho 13 JUL (sábado) 9h30 – Open Futsal no Pavilhão Municipal de Baguim do Monte (inscrições aqui)21h30 – Cinema Fora do Sítio – “Profissão: Perigo” no Parque de Lazer de Medas22h00 – Silent Party na Praça do Cidadão em Gondomar 14 JUL (domingo)9h30 – Open Futsal no Pavilhão Municipal de Baguim do Monte (inscrições aqui)15h00 – Voo Cativo em Balão de Ar Quente no Parque Urbano de Fânzeres-São Cosme 15 JUL (segunda-feira)14h30 – Paintball na Aldeia de São Miguel, Gondomar (inscrições aqui) 16 JUL (terça-feira)9h30 – Open de Beach Volley na Ribeira de Abade, Valbom (inscrições aqui) 17 JUL (quarta-feira)9h30 – Open de Street Basket na Escola Secundária de Gondomar (inscrições aqui)14h30 – Atividades Náuticas no Douro na Lixa, Covelo (inscrições aqui) 18 JUL (quinta-feira)21h30 – Cinema Fora do Sítio: “Todos Menos Tu” no Parque Urbano de Gondomar 19 JUL (sexta-feira)9h00 – Beach Day na Praia da Lomba (inscrições aqui)9h00 – Lamp – Planos e Estratégias para a Juventude na Casa Branca de Gramido 20 JUL (sábado) 15h00 – Radical Day no Parque Urbano de São Pedro da Cova 21 JUL (domingo)14h00 – Try Out Baseball Flag Football e Frisbee no Parque Urbano de Rio Rinto15h00 – Festa da Espuma no Parque Urbano de Rio Tinto 22 JUL (segunda-feira)14h30 – Paintball na Aldeia de São Miguel, Gondomar (inscrições aqui) 23 JUL (terça-feira)14h30 – Geocaching e Upcycling no Parque da Lipor, Baguim do Monte (inscrições aqui) 24 JUL (quarta-feira)14h30 – Atividades Náuticas no Douro na Lixa, Covelo (inscrições aqui) 25 JUL (quinta-feira)9h30 – Caminhada e Churrasco nos Moinhos de Jancido, Foz do Sousa (inscrições aqui)21h30 – Concerto de Bárbara Tinoco no Parque Urbano de Rio Tinto 26 JUL (sexta-feira)10h00 – Beach Day na Praia da Lomba (inscrições aqui)22h00 – Concerto de Plutonio no Parque Urbano de Rio Tinto 27 JUL (sábado)14h30 – Desafio Duplo em Ramalho, São Pedro da Cova (inscrições aqui)21h30 – Cinema Fora do Sítio (Ferrari) no Parque Urbano de Rio Tinto Os leitores são a força e a vida dos jornais. Contamos com o seu apoio, assine Os leitores são a força e a vida do PÚBLICO as minas de São Pedro da Cova encerraram com um rasto cor de carvão encoberto pelo Estado Novo uma estranha força fez nascer gente de luta Lá se ergueu um dos mais agitados e impressionantes processos revolucionários no pós-25 de Abril Enquanto descia às profundezas da terra gasómetro na cabeça e saco de farnel na mão os 16 anos de vida de Manuel Reis não puderam amparar-lhe a tremeliqueira das pernas o rosto cândido e pálido enegreceu-se até à cor do carvão passaram-lhe para a mão uma pá e pronunciaram meia dúzia de palavras E ele começou a acartar carvão Foi a primeira vez de um vaivém de duas décadas nas profundezas das minas de São Pedro da Cova 45 anos depois do dia que ninguém apaga da memória: 25 de Março de 1970 mas os olhos humedecem quando recorda a “vida de escravidão” Durante os quase dois séculos em que funcionaram as minas de carvão foram o principal sustento de famílias inteiras nesta freguesia de Gondomar Mas foram também sinónimo de miséria e de fome E mudaram para sempre São Pedro da Cova Nesta terra mineira a 20 quilómetros do Porto nunca quiseram enterrar as dores de outros tempos A exploração a que milhares de trabalhadores foram sujeitos desde 1795 quando o carvão de pedra (antracite) foi descoberto na freguesia investigador local que adoptou o pseudónimo de Mazola e é autor de vários livros sobre São Pedro da Cova as minas não são apenas um objecto de estudo Estão-lhe gravadas no ADN há gerações desde os “pioneiros do carvão” “Tenho das minas as memórias mais tristes que pode haver E a minha mãe a perder a vida à minha frente a sujar os lençóis de sangue Esta vida feita no subsolo dificilmente pode ser descodificada por quem não a testemunhou 89 anos de idade e quase 20 de mina: “Mesmo que houvesse um filme Era realmente horrível.” Manuel Teixeira Bento acena em sinal de concordância Mostra nas mãos cicatrizes feitas pelo carvão que por algumas vezes o atingiu mas não se deixa abalar à chegada ao complexo onde trabalhou dos 14 aos 24 anos “Parece que foi noutra vida.” A avó criou-o desde que tinha um mês Vivia numa casa de madeira “com dois quartinhos e uma cozinha” no bairro mineiro Manuel trabalhava numa fábrica de tacos na Corujeira a empresa que explorava as minas bateu à porta da avó e fez-lhe um ultimato “Disseram-lhe que ou eu ia para as minas ou nos tiravam a casa empresa que explorou o complexo de São Pedro da Cova a partir de 1921 e até ao encerramento definitivo Além de ser uma das poucas empregadoras da região a empresa era proprietária das casas onde boa parte dos trabalhadores viviam e para terem direito à habitação todo o agregado familiar era obrigado a trabalhar na mina a partir de tenra idade Foi assim que “quatro ou cinco gerações inteiras” foram condenadas ao trabalho no complexo mineiro aponta o presidente da junta de freguesia local que acrescenta mais ramificações desta dependência: a cantina onde os trabalhadores iam buscar caldo e broa o campo de futebol utilizado pela equipa local a associação desportiva com uma biblioteca e a banda de música estavam também sob a alçada da Companhia das Minas Maria de Almeida aponta para os terrenos quase baldios a poucos metros de distância como se ainda vislumbrasse o rebuliço e os pés descalços e ouvisse o som constante da mina a laborar pega no seu “cadastro” (a sua ficha de trabalhador) prova de um tempo de “escravatura”: “Passámos ali uns bocadinhos amargados não achei melhor.” Até ir para a mina Maria corria para o Porto todos os dias porque trabalhava numa fábrica de farinha de pau “Eram duas horas para lá e duas para cá a pé e sempre a correr para chegar a horas às quais se juntavam as do Pejão Esta freguesia de Gondomar foi um influente centro industrial de onde na década de 30 do século XX se extraía 70% da produção nacional de carvão O emprego chegava não só para “a maioria da população” da freguesia — uma “força de trabalho não qualificada autor da tese de mestrado Minas e Mineiros em São Pedro da Cova — mas também para os “malteses” homens e mulheres oriundos de outros locais do país que vinham encontrar na terra mineira a sua oportunidade “chegavam muitas vezes sem saber ler nem escrever em busca de um jardim do éden que produzia todas as riquezas” Não podiam vir mais enganados: “Davam-lhes duas tábuas compridas e dois bancos para as pôr em cima e era lá que eles dormiam diz muito sobre a forma como eram tratados os trabalhadores.” A triste sina não era exclusiva dos “malteses”: de dentro ou de fora da freguesia com trabalhos à superfície ou no subsolo “todos foram miseravelmente explorados” cujo livro Um Grito Que Rompe o Silêncio uma compilação de depoimentos de quem trabalhou nas minas vai ser agora reeditado pela junta de freguesia local Suspira demoradamente ao recordar a casa onde vivia com os sete irmãos “Tão pequenina” que a obrigava a dormir no chão — e muitas vezes no mesmo quarto dos rapazes não tinha como nos separar.” Aos 15 anos Cumpriu quase todas as tarefas destinadas às mulheres mas é do trabalho nos tanques de lama onde tinha de fazer o desmonte do carvão e transportá-lo depois em gigas levadas na cabeça que mais más memórias guarda: “A gente pegava às oito e às oito e meia já era preciso tirar a roupinha toda andávamos de joelhos a partir o carvão miudinho à feição de o botar para o fogo e quando nos queríamos levantar já nem sentíamos as costas Os trabalhadores das minas laboravam sob vigia constante dos capatazes responsáveis por definir o volume de trabalho que cada um devia cumprir por dia “De manhã ia pela mina e dizia: ‘Tu tens de botar x [carvão] tu mais x.’ Se eles não botavam eu tinha de participar deles e ficavam sem salário ou eram castigados” antigo capataz com “mais de 90 anos” Mas ganhava-se melhor e eu precisava do dinheiro.” Entre os encarregados havia “os maus e os menos maus” conta Rosa Martins de Sousa: “Havia uma mulher capataz que até era capaz de dizer para a gente ir para um sítio abrigadinho quando chovia Mas se a gente não fizesse o serviço ela pegava no caneco da água e deitava fora A gente ficava o dia todo sem beber.” Medo das consequências “A gente tinha medo era de ficar sem o salário o capataz achou que eu estava a falar durante o serviço e castigou-me Além do trabalho fisicamente esgotante não havia garantias de segurança e os “homens toupeira” estavam expostos à poeira causadora de silicose doença pulmonar crónica e incurável que vitimou um número incalculável de pessoas em São Pedro da Cova Manuel Reis andou pouco tempo na frente das marcas (onde se davam as explosões) mas a pré-reforma que conseguiu aos 57 anos conta parte das consequências da mina: foi aposentado por doença profissional Trabalhava-se sem qualquer protecção contra o pó às vezes com parte do corpo dentro de poços o calor era de tal forma insuportável que muitos dos mineiros preferiam trabalhar quase sem roupa conta Manuel Teixeira Bento: “Era uma tangazita e tronco nu mas como se suava muito às tantas aquilo roçava nas pernas Então a gente enrolava os calções e ficava só com uma espécie de cinto Não era raro que alguns mineiros se automutilassem: “Mesmo em prejuízo do dinheiro pegavam num machado ou noutro objecto e cortavam-se nos pés nos tornozelos ou nos pulsos para terem direito a uma semana de descanso” conta em voz revoltada Serafim Gesta Mazola Repouso só concedido em situações limite como esta por indicação da Companhia das Minas dispensava os trabalhadores que apresentavam “sinais de silicose” “Mandava os homens embora sem qualquer justificação para evitar pagar indemnizações acabavam por contaminar toda a família” Há um amontoado de caixotes de cartão no escritório de Mazola Além do espólio do Museu Mineiro criado em 1989 com a missão de valorizar e divulgar o património local é ali que se guarda uma parte significativa da história das minas diz orgulhoso e frenético enquanto puxa de um processo quase secular de um antigo trabalhador Joaquim Júlio de Magalhães escreveu uma carta ao director das minas: “Encontro-me doente já vai para meio ano deito sangue pela boca e mal posso trabalhar” lê-se na ficha do trabalhador número 105 Pedia à empresa a misericórdia do descanso “São às dezenas e dezenas os casos como este” A companhia não mostrava qualquer preocupação com a saúde dos trabalhadores tudo se fazia para que passasse despercebido tirando a boina por breves instantes como quem homenageia os esquecidos: “Eles só estavam preocupados com o trabalho O morto era metido numa berlinda e mandado para a farmácia da mina discretamente encolhido e escondido.” Manuel Reis traz na memória um desses dias Não sabe se houve silêncio ou gritos “Nós tínhamos um fio que contactava com o exterior e puxávamos quando acontecia alguma coisa Mas já não havia nada a fazer.” Foi precisamente a morte de um trabalhador a motivar a primeira grande greve geral nas minas de São Pedro da Cova relatada durante quase dois meses em vários números do jornal A Batalha da Confederação Geral de Trabalhadores uma organização anarco-sindicalista” Esta foi também uma greve que gerou “grandes movimentos de solidariedade inclusive ao nível internacional” O presidente da junta — que pertence à CDU desde 1982 apenas com a interrupção de um mandato de 97 a 2001 — fez das lutas operárias nas minas locais objecto de estudo da tese de mestrado concluída no ano passado Estudou a influência do Partido Comunista Português (PCP) na criação de uma consciência política e sentimento de revolta e na transformação desses factores em protesto na greve geral de 1946 “Deparei-me com uma greve que tinha como principal razão os salários baixos Nos arquivos da polícia política encontrei uma expressão repetida muitas vezes não podemos trabalhar com fome’.” O fardo da ditadura era evidente e apoiado por “vários movimentos a União Nacional e a própria PIDE que tinha um coio de informadores locais” os comunistas tornam-se aliados dos trabalhadores de São Pedro da Cova e são várias as referências no Avante! “distribuem já comunicados aos mineiros falando das condições de trabalho e fazendo apelos à mobilização e consciência de classes” concluiu o presidente da junta de freguesia também ele neto de um mineiro e de uma britadeira José Carlos Almeida foi durante alguns anos responsável da organização central do PCP no distrito do Porto e acompanhou de perto as lutas desta freguesia: “Os mineiros de São Pedro da Cova foram a classe de profissionais do Norte com um papel mais destacado nas lutas operárias.” Ainda que fossem muitas vezes motivadas por questões económicas as batalhas dos mineiros tinham “consciência política associada” “As pessoas mais activas não eram espontâneas O PCP tinha uma célula em São Pedro da Cova.” José Carlos Almeida não se recorda de muitos nomes — “a maioria usava pseudónimos” — mas não esquece os bastidores da organização “Reuníamo-nos muitas vezes com o organismo local num tasco em frente ao sanatório A gente fazia a redacção de um texto apontando uma orientação imprimia num copiógrafo e assinava ‘a organização local do partido’ A conclusão de Daniel Vieira aponta exactamente no sentido de uma intervenção dos comunistas na freguesia: “Fiz entrevistas a ex-mineiros e contaram-me que encontravam-se em tascos ou mercearias locais e havia um companheiro do PCP que lhes lia o Avante significou uma importante conquista de direitos: “Fiz uma comparação das condições de trabalho e dos salários dos mineiros O medo da repressão da PIDE era grande e a contestação quase sempre discreta uns panfletos contestatários apareciam pela freguesia Conhecia bem o destino de quem não o fazia já não sabe precisar em que ano a polícia entrou pelo complexo dentro em busca de “desertores” magoei-me de propósito para ir para casa Um dia chegávamos ao serviço e já não estava Todos sabíamos que tinha sido levado pela PIDE.” Com mais ou menos intervenção havia entre os trabalhadores das minas um sentimento comum de injustiça e revolta todos trabalhavam em condições de segurança e higiene precárias explica o docente de História Jaime Guedes a responsável pelo reforço de “laços de solidariedade” e pelo desenvolvimento de uma “identidade mineira como o trabalhador que partilha experiências penosas e luta por melhores condições de trabalho” que vinha acontecendo desde o final da II Guerra Mundial com a ascensão de outros combustíveis mais económicos as minas do Pejão já ultrapassavam as de São Pedro da Cova como as mais influentes do país a capacidade de atrair trabalhadores era cada vez menor também graças à vaga de emigração dos anos 60 A mina tinha deixado de ser rentável Seria essa a principal razão invocada pela Companhia das Minas no “aviso ao pessoal” afixado nas janelas do escritório no dia 4 de Março de 1970 onde se comunicava o encerramento da empresa “Por manifesta impossibilidade económica de continuar com a exploração destas minas em virtude do cancelamento das expedições para a Central da Tapada do Outeiro e se terem gorado as negociações com a Companhia Portuguesa de Electricidade para a sua integração sou encarregado de transmitir a todo o pessoal que a Exmª Administração desta Companhia resolveu parar a laboração destas minas a partir do dia 25 do corrente mês (exclusive).” O anúncio caiu como uma bomba O complexo que por mais de dois séculos foi o maior empregador da freguesia ia fechar — e se isso significava a boa notícia do fim da “escravatura” deixava também um gigante ponto de interrogação no ar: como seria o futuro daquelas quase mil pessoas que só sabiam o ofício das minas Era uma realidade camuflada pela empresa a todo o custo A miséria que apodrecia a terra mineira não devia ter eco e isso significava ter em acção permanente os serviços de censura A edição censurada de um artigo do jornal O Século com publicação prevista para o dia 21 de Março de 1970 Parágrafos inteiros são riscados a azul: referências à fome às doenças de que os mineiros sofrem e ao futuro incerto dos mil trabalhadores (e dos cerca de quatro mil que constituem os agregados familiares respectivos) quase desaparecem “Tenho 30% de silicose nos pulmões e isso não me facilita a ida para outro emprego além de que não sei outra profissão Vivo numa casa da companhia e também não sei para onde ir Tenho nove filhos que vivem todos do meu trabalho só o mais velho anda a trabalhar no Porto São apenas 64 escudos por dia aquilo que eu ganho Razão tinham os centos deles que o fizeram há mais tempo e que insistiram comigo para que fosse também com os meus 30% de silicose no corpo já não me aceitam nem aqui nem lá fora.” Este testemunho faz questão de referir que as minas “fomentaram o bem-estar social e material da terra e contribuíram para o seu progresso progresso esse com que todos lucraram” A Companhia das Minas permaneceu na freguesia até 1972 para finalizar o desmantelamento da estrutura — fechou as portas mas prolongou o monopólio que detinha na vila Os bairros mineiros continuavam a pertencer à empresa e os habitantes eram obrigados a pagar rendas por casas minúsculas e sem condições as indemnizações demoravam a ser pagas os mineiros eram prejudicados na avaliação médica e tinham Esta névoa no lugar do futuro não derrubou o povo de São Pedro da Cova talvez empurrado pela inevitável esperança de que o fim da “escravatura da mina” lhes trazia ou por um sentimento que Maria de Almeida resume numa frase curta: “Pior do que aquilo não havia de ser.” Estávamos nos anos 70 e Portugal vivia o fim de uma longa e castradora ditadura “As pessoas foram perdendo o medo e os sentimentos de injustiça e revolta cresciam de ano para ano” O 25 de Abril de 1974 foi o empurrão Mas “a verdadeira revolução” chegou a São Pedro da Cova pouco mais de um ano depois: 22 de Maio de 1975 o dia em que a população local ocupou os terrenos do antigo complexo mineiro e iniciou um dos processos revolucionários mais quentes do país António José Correia estava lá Homem da companhia local Teatro Círculo “A minha família não teve esse destino mas todos os meus amigos eram filhos de mineiros toda a vida aquilo fez parte de mim.” Fazer parte do grupo que iniciou a “revolução” na freguesia foi o núcleo que planeou a invasão dos escritórios da empresa — completamente deixados ao abandono — era constituído por professores da escola secundária local actores do Teatro Círculo e um grupo mais político maioritariamente composto por militantes do PCP as pessoas tinham na cabeça que aquele espaço devia pertencer à freguesia militante comunista e primeiro presidente da comissão administrativa de São Pedro da Cova duas mil pessoas juntaram-se no complexo mineiro e em plenário nasceu o Centro Revolucionário Mineiro (CRM) típica organização do PREC que as rendas das casas dos bairros mineiros passariam a ser pagas ao próprio CRM que constituiria um fundo financeiro para usar em benefício da população Fizeram-se obras nas casas dos antigos trabalhadores juntaram-se “umas cinco mil pessoas” no campo de futebol O envolvimento e o entusiasmo da população era grande Nos escritórios do complexo mineiro foram descobertos os “cadastros” Permitiu revelar finalmente os verdadeiros índices de silicose que os consumiam E deu outras a viúvas sem nada.” Durante três anos não houve um dia em que a sede do CRM não estivesse ocupada 24 horas por dia “Muita gente disponibilizou a vida para aquilo Fazíamos vigília constante” recorda António José Correia Vivia-se o pico do Verão Quente e as sedes do Partido Comunista eram frequentemente incendiadas mas era preciso manter os olhos abertos.” Manuel Correia Fernandes lembra-se bem do dia em que tudo começou responsável pelo processo SAAL (Serviço de Apoio Ambulatório Local) em São Pedro da Cova quando três pessoas da freguesia de Gondomar lhe bateram à porta “Era o chefe da brigada SAAL e talvez vissem em mim uma espécie de autoridade” “Fui com eles ao quartel-general na Praça da República comunicar ao oficial de dia que tínhamos ocupado os escritórios Ele olhou para nós e disse que estava tudo bem que não tínhamos de fazer nada Foi tão insólito quanto isso.” projecto arquitectónico e político criado poucos meses depois do 25 de Abril de 1974 mas teve “uma dimensão política e social enorme bem maior do que a verificada no Porto” Correia Fernandes — que contava com o apoio de um grupo de estudantes de Arquitectura previamente instalados — deparou-se com um imenso “bairro clandestino” com mais de mil casas construídas pelos antigos trabalhadores que iam abandonando os bairros mineiros foi o território definido para a intervenção do SAAL — e a missão era complexa “O normal nas operações SAAL era fazer casas o desafio era completamente diferente” Ajudar os cidadãos a alterar as habitações para que pudessem ser legalizadas e intervir no espaço público (iluminação água canalizada e saneamento não existiam) construindo alguns equipamentos comuns foram as intervenções prioritárias Foi um período “impressionante” “Havia muitos estudantes de Arquitectura e arquitectos que passavam o dia em São Pedro da Cova Dormiam nos escritórios ou nas casas das pessoas de lá Criaram-se relações sociais e humanas comoventes.” Palavra que resume bem o sentimento de António José Correia e José Teixeira das Neves ao pisar o agora completamente degradado escritório da Companhia das Minas Não entravam no complexo desde que o CRM se extinguiu Foram sete longos anos de uma luta que beneficiou muita gente Mesmo não tendo cumprido um dos principais objectivos: o de expropriar o complexo e fazer com que passasse a ser propriedade da freguesia “Estar aqui e olhar para isto assim.. É como se a gente tivesse perdido um filho” Falta a voz ao companheiro de luta José Teixeira das Neves para quem o sucesso dos projectos do CRM era uma questão muito pessoal: “Nunca trabalhei aqui No último dia em que o meu pai trabalhou nas minas mandou um recado para o chamarem Estava sentado em cima dos canos de água e não podia com o gasómetro nem com o machado Tinha nove anos e vim buscar-lhe as ferramentas A bravura e a vida dos homens e mulheres de São Pedro da Cova fora documentada em As Minas de S filme mudo de 40 minutos que a Invicta Filmes realizou em 1917 Mas o documentário que marcou a freguesia — despertando a Europa para a sua existência — foi outro O realizador Rui Simões chegou à terra em 1976 a convite da Direcção-Geral de Educação Permanente que tinha em curso uma campanha de alfabetização de adultos “Fui convidado a realizar uma formação que levasse as tecnologias ligadas à imagem e ao som ao núcleo que sustentava São Pedro da Cova o Centro Revolucionário Mineiro” Foi a partir do trabalho realizado nessas sessões que o filme São Pedro da Cova repartido em três curtas-metragens de 15 minutos se desenvolveu: “Limitei-me a coordenar e a ser uma espécie de mestre de cerimónias no meio dos desejos deles.” O realizador que criou entretanto a produtora Real Ficção lembra-se perfeitamente do primeiro impacto que a vila lhe causou: “Foi o pior possível as crianças ainda de pé descalço era talvez das aldeias mais deprimentes do país.” Em antítese com esse cenário Rui Simões deparou-se com “uma vontade de evoluir notável”: “Tinham uma linguagem forte Tinham perfeita noção de que tinham sido explorados e apesar de não terem formação para fazer mais nada havia uma força revolucionária muito grande A história sempre se fez a partir dos que mais sofreram são os que mais puxam para a frente.” O cinema como “arma política” era nessa altura um medicamento de efeito lento Mas houve efeitos que cedo se manifestaram: em 1977 o filme realizado em 36mm e a preto e branco foi a única produção portuguesa seleccionada oficialmente para o Festival Internacional de Cinema de Berlim Há uma bruma especial que paira sobre São Pedro da Cova À história negra junta-se um carregado sentimento de orgulho fome e medo esmorecem perante o brio de ter combatido Há por aqui um sentimento de pertença único dando um exemplo de um comportamento típico das gentes da freguesia que espelham bem essa ligação: “Quem vive em freguesias de Gondomar diz geralmente que é de Gondomar diz só que é de São Pedro da Cova.” A “herança pesada” dos quase dois séculos de mina não se rasura Os níveis de qualificação dos sampedrenses continuam baixos a população maioritariamente envelhecida também costumo perguntar se alguém conhece alguma região que tenha recursos naturais e seja rica” foi gente de fora explorar esses recursos e quando eles deixaram de ser rentáveis foram-se embora Foi retirada muita riqueza de São Pedro da Cova Com uma assinatura mensal tem acesso ilimitado a todos os conteúdos e cancela quando quiser Escolha um dos seguintes tópicos para criar um grupo no Fórum Público tornar-se-à administrador e será responsável pela moderação desse grupo Os jornalistas do PÚBLICO poderão sempre intervir Saiba mais sobre o Fórum Público receberá um email sempre que forem feitas novas publicações neste grupo de discussão Estes são os autores e tópicos que escolheu seguir Pode activar ou desactivar as notificações Receba notificações quando publicamos um texto deste autor ou sobre os temas deste artigo home > Notícias > Banda Musical de São Pedro da Cova apresenta projeto para a nova sede A Banda Musical de São Pedro da Cova apresentou o projeto para as novas instalações da sua sede perante a comunidade local este é "um projeto ambicioso mas compatível com a honrosa história de 120 anos" O projeto é assinado pelo arquiteto Mário Marques e será implementado num terreno cedido pela Câmara Municipal de Gondomar próximo da Junta de Freguesia e da Igreja de São Pedro da Cova deixou esta segunda-feira uma família de cinco pessoas desalojada O fogo terá deflagrado no telhado da casa onde a família vivia A informação foi dada pelo Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) do Porto que recebeu o alerta de incêndio ontem nenhum dos cinco elementos desta família ficou com ferimentos No local estiveram os Bombeiros Voluntários de São Pedro da Cova os Bombeiros de Gondomar e a Proteção Civil da Câmara Municipal de Gondomar Os juízes concluíram que o procedimento criminal se extinguiu por prescrição razão pela qual os recursos apresentados pelo Ministério Público não puderam ser julgados O Tribunal da Relação do Porto (TRP) declarou extinto por prescrição o procedimento criminal instaurado no âmbito da deposição de resíduos perigosos em São Pedro da Cova A decisão do TRP, datada de 2 de fevereiro e a que a agência Lusa teve esta quinta-feira acesso, surge na sequência dos recursos do Ministério Público (MP) e da freguesia de Fânzeres e S de cinco arguidos: quadros do conselho de administração da sociedade à qual cabia dar destino aos resíduos e responsáveis de sociedades que tinham a disponibilidade das escombreiras das antigas minas de carvão de São Pedro da Cova Ministério Público pede condenações no caso dos resíduos perigosos de São Pedro da Cova Os juízes desembargadores Maria Dolores da Silva e Sousa (relatora) e Manuel Ramos Soares (adjunto) concluíram que o procedimento criminal se extinguiu por prescrição razão pela qual os recursos apresentados não puderam ser julgados A Relação do Porto diz que o MP deduziu acusação em 31 de janeiro de 2017 e todos os arguidos notificados antes de 8 de fevereiro de 2017 acrescentando que a prescrição ocorreria nesse dia caso os arguidos não tivessem sido notificados da acusação a suspensão da prescrição do procedimento criminal que ocorreu automaticamente após a notificação de todos os arguidos da acusação do MP ocorrendo a consumação do crime em 8 de fevereiro de 2002 “e atenta a específica causa de suspensão da prescrição o prazo máximo de prescrição ocorreu em 08 de fevereiro de 2020” Os desembargadores explicam que esta conclusão decorre do facto de o crime ter ocorrido em 8 de fevereiro de 2002 somando-se 10 anos e mais metade (cinco anos) como determina a lei: “08.02.2002 + 10 anos + 5 anos + 3 anos de suspensão = 08.02.2020 o procedimento criminal extinguiu-se por prescrição nessa data Fica assim prejudicado o conhecimento do recurso [do MP e da junta de freguesia]” voltou a absolver os arguidos por falta de provas tal como tinha feito num primeiro julgamento e que o Tribunal da Relação do Porto mandaria repetir Milhares de toneladas de resíduos industriais perigosos Explosivos entre os resíduos perigosos de São Pedro da Cova encarecem a retirada O último cálculo feito sobre esses resíduos apontava para a existência de ainda 137 mil toneladas no local isto depois de no passado já terem sido retiradas 105.600 toneladas Em relatório que produziram sobre as águas subterrâneas num raio de 1,5 quilómetros peritos da Faculdade de Engenharia do Porto concluíram que as “concentrações medidas não têm um impacte inaceitável sobre a saúde das populações” comunicou ao tribunal que não tinha dados que pudessem associar doenças de moradores da zona aos contaminantes reabriu ao público no passado sábado 17 depois de alguns meses fechado para obras de requalificação Mais tecnologia e interatividade estão entre as novidades do espaço bem como uma exposição permanente dedicada às mulheres mineiras A inauguração contou com a presença de mais de uma centena de pessoas “Valorização do Trabalho das Mulheres Mineiras” é o nome da nova exposição permanente que “visa enaltecer o trabalho socioeconómico desempenhado pelas mulheres no contexto da identidade mineira da vila” A experiência do visitante é agora mais imersiva já que pode entrar dentro de um túnel de mina e sentir-se graças à presença de realidade virtual e aumentada que recria momentos do quotidiano neste trabalho Para o Presidente da Câmara Municipal de Gondomar que marcou presença na cerimónia de inauguração “este não é um projeto acabado e os trabalhos no museu foram mais uma etapa na reabilitação de todo o espaço envolvente do Cavalete do Poço de São Vicente” a Presidente da União de Freguesias de Fânzeres e S destacou o facto de este “ser um museu único no país” e sublinhou a importância do equipamento museológico para a união de freguesias pelo potencial de atrair visitantes Esta obra de requalificação foi feita pela Junta de Freguesia em colaboração com a Câmara Municipal de Gondomar O Museu Mineiro de São Pedro da Cova está aberto para visitas de terça-feira a sábado das 10.00 às 12.30 e das 14.00 às 17.30 home > Notícias > 100 anos do Bairro do Mineiro de São Pedro da Cova No âmbito das comemorações dos 100 anos do Bairro Mineiro foi inaugurada a exposição de fotografia "100 Anos do Bairro Mineiro de São Pedro da Cova" Presidente da Câmara Municipal de Gondomar esteve presente na inauguração da exposição e no concerto que marcaram o arranque das comemorações junto ao Coreto e à Alameda do Bairro Mineiro A iniciativa decorreu de acordo com as regras de segurança impostas pela Direção-Geral de Saúde home > Eventos > Festival da Juventude 2024 O Festival da Juventude de Gondomar está de volta Serão 15 dias com muitas atividades e animação Dos concertos e festas às atividades náuticas são imensas e diversificadas as propostas para a edição de 2024 Este ano as atuações principais estão a cargo de Bárbara Tinoco e Plutonio Consulte aqui toda a programação do Festival da Juventude de Gondomar 2024: Quem daqui a pouco mais de um mês entrar no edifício do Museu Mineiro de São Pedro da Cova vai deparar-se com um espaço pintado de preto como se descesse às minas de carvão que outrora laboraram na vila A acompanhar essa sensação visual numa “recriação do ambiente” do passado que ajude a intensificar as “emoções” de quem visita o local A reabilitação do Museu Mineiro uma parceria entre a Câmara de Gondomar e a junta de freguesia de São Pedro da Cova é uma oportunidade para resolver algumas “limitações e dificuldades” sentidas por quem ali trabalha Aberto em 1989 – e com um sucesso considerável a partir de 2009 – o museu procura mostrar como era a vida de quem laborava no complexo mineiro Mas a missão nem sempre era simples esbarrava muitas vezes com a incompreensão “A maioria percebia a razão pela qual algumas pessoas não gostavam de trabalhar nas minas mas não entendiam por que é que não deixavam de o fazer” empresa que explorou o complexo de São Pedro da Cova a partir de 1921 e até ao encerramento definitivo e que quase tudo controlava na vila num tempo em que Abril não tinha chegado tornava difícil contornar aquele destino é difícil de perceber para quem nasceu num país livre: “Temos uma vida completamente diferente e nem sempre é fácil explicar-lhes como era antes.” A modernização do Museu Mineiro pode ser uma cartada “Vamos falar menos e eles vão perceber mais” deixando nota do que continua a ser o fundamental: “Valorizar a identidade de quem trabalhou nas minas e da própria vila A vida de trabalho deles não será esquecida.” Sofia Martins conquistou a junta de freguesia nas últimas autárquicas e quis imprimir uma “dinâmica diferente” no museu A ideia é “torná-lo mais auto-sustentável” (passando a cobrar uma entrada simbólica e revertendo esse valor para o museu) ao mesmo tempo que aumenta a atractividade criando um espaço mais “interactivo” a possibilidade de pesquisar directamente nos arquivos do museu e encontrar a história do avô ou avó que trabalhou nas minas é uma grande dádiva à população local É uma possibilidade oferecida pela tecnologia mas também pelos muitos anos de trabalho antes feito O museu acolheu também 3500 fotografias recolhidas dos escritórios das minas quando estes foram ocupados, em 1975 acrescentando que esse património estará disponível no renovado museu que destaca a colaboração da Liga de Amigos do Museu Mineiro neste processo é também particularmente importante que a tecnologia ajude a levar o museu para fora de portas “Nas visitas às escolas vamos poder levar muito do que ali existe” A reabilitação do museu coincide com a criação do Parque Urbano de São Pedro da Cova A obra no primeiro deverá estar pronta até ao fim do mês mas a inauguração poderá dar-se apenas quando o parque estiver concluído está também a ser reabilitado o cavalete do Poço de São Vicente torre que trazia o carvão até à superfície e que está classificado como Monumento de Interesse Público desde 2010 Com uma assinatura PÚBLICO tem acesso ilimitado a todos os conteúdos e cancela quando quiser O Dispositivo da Polícia de Segurança Pública do Comando Metropolitano do Porto no âmbito do combate ao crime de tráfico de estupefacientes efetuou a detenção de três suspeitos de autoria da referida prática ilícita e a apreensão de cerca de 147 doses individuais de estupefacientes denominados Heroína Entre os três detidos está um homem de 37 anos de idade operário da construção civil e residente em Valongo e um outro de 19 anos de idade operário da construção civil e residente em São Pedro da Cova O outro detido pela PSP foi um homem de Aveiro no Bairro Dr Nuno Pinheiro Torres no Porto Foram apreendidas nestas ações 75 doses de heroína Está para breve a reabertura do Museu Mineiro de São Pedro da Cova. O espaço está a ser alvo de obras de requalificação para permitir ao visitante experienciar de uma forma inovadora como se fazia a extração de carvão em Gondomar A inauguração deve acontecer dentro de um mês e uma das novidades é a vertente tecnológica do Museu que ver algumas das peças que vão estar em exposição e conhecer na primeira pessoa como era a vida de quem trabalhava nas minas de São Pedro da Cova A descoberta do carvão em são pedro da cova deu-se no século XVIII Numa altura em que a população que vivia sobretudo da agricultura a exploração mineira veio mudar a atividade económica e postos de trabalho da região E desengane-se aquele que pensar que nestas minas só entravam homens Também havia muitas mulheres e crianças Em 1900 extraía-se destas minas de São Pedro da Cova 7.500 toneladas de carvão por ano A vida das minas de São Pedro da Cova começou a depauperar-se na década de 70 uma vez que o carvão começava a ser substituído por outras fontes de energia como o petróleo Fechou portas e ficou votada ao abandono até ao mítico ano de 1987 a luz ao fundo do túnel volta a surgir quando o espaço das minas foi adquirido pela junta de freguesia de São Pedro da Cova O museu que abre dentro de um mês e onde vai poder fazer a sua extração das memórias do que aqui se viveu Esta sexta-feira é apresentado Do Carvão Aos Resíduos regresso do realizador Rui Simões à na vila mineira 40 anos depois de aqui ter filmado um povo em revolução Assim cantavam Zé Mário Branco e o Grupo de Acção Cultural em 1975 na letra que elevou ao estatuto de canção a revolta que a 22 de Maio de 1975 redundou na tomada das instalações das antigas minas de São Pedro da Cova e à criação do Centro Revolucionário Mineiro (CRM) e um ano depois fixou em três pequenos filmes esse período em que a esperança de dias melhores já não movida a carvão se alimentava da militância de muitos o autor de O Bom Povo Português reabriu esse capítulo da sua filmografia e voltou a gravar na vila que vem sendo falada por um atentado ambiental silencioso no seu esforço monótono até que o ferro batendo numa superfície negra e dura até ao êxtase: "Carvão quem sabe se assim desta forma - ficcionada por Rui Simões para abrir o seu filme São Pedro da Cova - esta vila do Concelho de Gondomar mudou de rumo a sua história escreveu-se nos túneis das minas lugar de trabalho árduo e de revolta de uma identidade que perdurou para lá do fim da exploração deste mineral Do Carvão aos Resíduos - os resíduos perigosos de São Pedro da Cova de que muitos já terão ouvido falar - fecha uma tetralogia de Rui Simões em torno da antiga vila mineira do concelho de Gondomar quem sabe a tempo de mais um aniversário da revolta que deu origem ao CRM deve ser editado um DVD que reunirá as três primeiras obras - Museu reunidos sob o título genérico São Pedro da Cova com pouco mais de 40 minutos no total - e o novo trabalho que marca o reencontro do realizador com alguns dos participantes nos eventos e no filme de 1976 uma presença na selecção oficial do Festival de Cinema de Berlim já o CRM tomara conta das instalações das minas construindo casas com organizações de moradores e apoiado num gabinete do SAAL (Serviço Ambulatório de Apoio Local) dando formação na área da fotografia a habitantes da vila de levar à realização do filme sobre esta vila às portas do Porto está patente uma exposição com fotografias feitas pelo realizador durante a rodagem às quais se juntam outras - de making of nas quais se vê a equipa de filmagem -  feitas precisamente por alguns desses formandos é uma ode ao espírito de resistência daquelas pessoas que E apesar de tudo o que as minas lhes tinham tirado - saúde ou a possibilidade de um salário digno - o filme mostra-nos uma comunidade apostada em preservar a memória possível daqueles dias que pareciam longínquos tal o estado de ruína em que foram deixadas pelos antigos donos as instalações da companhia despedidos com metade da indemnização a que teriam direito a pagar renda pelas casas que pertenciam à empresa que os abandonara à sua sorte; mesmo que quisessem aquelas pessoas não podiam esquecer “Talvez esse esforço de preservação desse património se explique também por ele ser uma memória da capacidade de resistência e por estar profundamente associado à identidade local” autarca comunista numa vila em que o PCP se entranhou força dominante no espectro político da freguesia que apesar de ter nascido muito depois desses tempos tem centrado muita da actividade do órgão a que preside nesse esforço de manter viva a identidade mineira do lugar que “obrigou” Rui Simões a reabrir um capítulo da sua filmografia que este considerava encerrado falar daquele documentário que nunca vira o autarca comunista encontrou-se com Simões saber se havia mais imagens ou documentação Confesso que nunca mais tinha pegado naquilo” explicou ao PÚBLICO o realizador que se prepara para doar a São Pedro da Cova um acervo de material escrito sobre aquela produção feita a convite da Direcção-Geral de Educação Permanente mas que nunca chegou a ser emitida na RTP Depois daquela interpelação emocionada de Daniel Vieira antecedendo os 40 anos da criação do CRM bobines de 8mm de uma câmara pessoal que o acompanhava sempre (o filme foi gravado em 16mm) diapositivos e negativos que vão enriquecer o DVD a editar apesar da magreza do orçamento que se pôde arranjar entretanto O regresso a São Pedro da Cova permitiu-lhe o reencontro com alguns dos participantes nesses episódios de 75/76 do fundo dos papéis e das memórias dos habitantes acabando por escrever textos para o filme e a participar na história com dois papéis do carvão então descoberto pelo seu criado.  um homem do MDP-CDE que editava O Diálogo, jornal local nascido no fervor da revolução era técnico de vendas de medicamentos trazia caixas de remédios para os moradores da Vila e com os seus contactos no Ministério da Saúde acabou por se tornar numa peça essencial para uma solução que permitiu o pagamento de reformas a cerca de um centena de antigos mineiros que tendo trabalhado no subsolo até à década de 40 não estavam sob a alçada de nenhum sistema de previdência “Ninguém de São Pedro da Cova ou de outra terra que aqui tivesse trabalhado tirou lucro da exploração de carvão das minas o fruto que saía das suas entranhas e enriqueceu meia dúzia de parasitas serve hoje como pano de fundo à mais horrenda tragédia que se abateu sobre o povo mineiro” no seu livro Um Grito Rompe o Silêncio um guardião dessa memória de resistência Mazola olha para a obra de Rui Simões como o “garante da imortalidade” da acção do CRM nesse “período luminoso” - expressão do autarca Daniel Vieira - da história desta comunidade E o realizador assume o peso dessa responsabilidade “Era essa a função do filme recordando “a boa recepção” que no ano seguinte esta obra teve na competição cidade onde se encolheu perante o ambiente Snob o dinheiro para as grandes produções que contrastavam com a pobreza de recursos com que filmara os seus mineiros como as gentes de São Pedro da Cova à frente de uma pequena multidão instalada num carro que se há-de afastar deixando um recado para o Governo de Lisboa: “Não se esqueçam de São Pedro da Cova milhares de toneladas de resíduos perigosos mas agora é cá fora que a luta continua” home > Notícias > Autarquia aprova apoio para a reabilitação da Igreja Matriz de São Pedro da Cova A reunião de Câmara Municipal – a última de 2023 daquele órgão executivo – aprovou por unanimidade a atribuição de 50 mil euros destinados a apoiar as obras de conservação e restauro da Igreja Matriz de São Pedro da Cova o Executivo destaca que o apoio “reconhece de extrema importância a atuação das paróquias existentes no Município de Gondomar que se dedicam e cooperam na promoção da dignidade e desenvolvimento humano” considerando ainda que "estes locais são parte integrante da memória história e identidade coletiva” do território A reabilitação do edifício com 60 anos contempla intervenções no exterior tratamento do azulejo e a consolidação do campanário O valor total da obra ultrapassa os 314 mil euros O Tribunal da Relação do Porto (TRP) decidiu declarar a extinção do processo relativo à deposição dos resíduos perigosos em São Pedro da Cova por prescrição que data de 2 de fevereiro deste ano e foi divulgada pela Agência Lusa bem como responsáveis de sociedades que tinham acesso aos resíduos das antigas minas de carvão de São Pedro da Cova Uma questão de prazos esteve na base da decisão do TRP O Ministério Público deduziu a acusação a 31 de janeiro de 2017 notificou os arguidos até ao dia 8 de fevereiro desse ano Esta notificação teve um efeito suspensivo sobre a possibilidade de prescrição do crime mas essa suspensão tem o prazo de três anos o crime prescreveu a 8 de fevereiro de 2020 de toneladas de resíduos perigosos nas antigas minas de São Pedro da Cova pelas mãos da antiga fábrica de Siderurgia Nacional na Maia O problema só foi reconhecido publicamente dez anos depois Foram realizados estudos para avaliar as consequências nefastas destes resíduos e a dimensão do problema As análises comprovaram que a posição dos resíduos podia afetar a saúde pública das populações de São Pedro da Cova e teriam várias repercussões ao nível ambiental Também um estudo realizado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) revelou que existiam elevados efeitos negativos devido à concentração de chumbo A despesa para a remoção dos resíduos apontava para os 16,3 milhões de euros uma subida de dois milhões em relação ao orçamento original devido ao encontro de explosivos no conjunto de resíduos A remoção começou em outubro de 2014 e terminou com a retirada de cerca de 105.600 toneladas antigo presidente da Junta de Freguesia de São Pedro da Cova acompanhou o caso intimamente e considera que “pela sua dimensão exigia que houvesse um apuramento de responsabilidades uma vez que ficou comprovado que estávamos perante um crime ambiental” o “desfecho processual não é positivo” Apesar do desfecho não ir ao encontro daquilo que esperava para um crime desta gravidade considera que se trata de “um caso de sucesso” O comunista acredita que o envolvimento de entidades públicas e do Estado central levaram à resolução do problema de um modo eficaz da resolução de um problema com esta dimensão Daniel Vieira adverte contudo que a remoção de resíduos não é suficiente é necessário também uma requalificação do local “É preciso compensar a população por este dano nós pensamos que não haveria melhor forma de compensar do que pela requalificação ambiental daquele espaço cultural” O antigo presidente da junta sugere que o antigo complexo industrial mineiro de São Pedro da Cova deveria ser transformado “num museu vivo que preservasse 170 anos da exploração do carvão” que existiu na freguesia de Gondomar “Existem um conjunto de equipamentos que ainda restam daquilo que foi a atividade mineira e que podiam trazer uma outra dinâmica à freguesia considerando que as minas de São Pedro da Cova foram das mais importantes do país” U.Porto | Publicação periódica registada na ERC com o n.º 127692 Decorrem as obras de requalificação da Escola Básica 2/3 de São Pedro da Cova a empreitada representa um investimento superior a 700 mil euros e contempla intervenções várias tais como: a substituição das coberturas dos pavilhões com a aplicação de membranas impermeabilizantes e isolamento térmico; a requalificação dos balneários e das instalações sanitárias; a beneficiação da iluminação das salas de aula; a substituição da caixilharia exterior visitou o estabelecimento de ensino onde decorre a empreitada acompanhado pelo vice-Presidente e vereador da Educação pela presidente da União das Freguesias de Fânzeres e São Pedro da Cova e pela diretora do Agrupamento Escolar de São Pedro da Cova A Zorra n.º 53 estava sinalizada para abate pela Sociedade de Transportes Colectivos do Porto mas foi entregue à freguesia na década de 90 equipamento que serviu nas décadas anteriores a 1960 para transportar carvão entre São Pedro da Cova foi "salva" e será "devolvida" à população no domingo "Esta peça faz parte da identidade das gentes de São Pedro faz parte das memórias e está colocada no jardim exterior do Museu que conta exactamente a história deste povo" explicou à agência Lusa Micaela Santos curadora do Museu Mineiro de São Pedro da Cova cujos habitantes estão intimamente ligados às minas que serviam para extrair o carvão que abastecia grande parte do país Na tentativa de baixar os custos associados à aquisição de carvão a Companhia de Carris de Ferro do Porto criou uma linha eléctrica para a circulação de zorras que são carros eléctricos vocacionados para transporte de carvão e cinzas A Zorra n.º 53 - que estava sinalizada para abate pela Sociedade de Transportes Colectivos do Porto mas foi entregue à freguesia na década de 90 - serviu para fazer o trajecto desde as minas e a Central Termoeléctrica de Massarelos que foi desactivada em 1960 foi-se degradando e mas a sua ‘morte' era algo que não podíamos deixar que acontecesse porque esta peça diz muito à população indicou o presidente União de Freguesias de Fânzeres/São Pedro da Cova a "devolução" da zorra os responsáveis locais levaram a cabo ao longo de dois anos uma campanha de angariação de fundos O equipamento está restaurado é entregue à população domingo às 16:30 para aproveitar o entardecer pelas suas características e funções quase que pode servir de "farol" Segundo Micaela Santos foram precisos 15.000 euros para "salvar" a zorra n.º 53 tendo a verba sido angariada através de iniciativas como concertos solidários ou o passeio de BTT que recentemente juntou mais de 400 participantes a Liga de Amigos do Museu Mineiro de São Pedro da Cova espaço cultural que recebe em média 7.000 visitantes por ano e a Escola Profissional de Gondomar contribuíram para esta requalificação fotografias e informações junto de antigos mineiros entre outros agentes ligados à história desta localidade gondomarense "a interacção de todos neste projecto e o reavivar de memórias" Daniel Vieira destacou ainda à Lusa que o restauro da zorra foi feito por uma empresa de São Pedro da Cova cujo proprietário é filho de um antigo mineiro A cerimónia marcada para domingo conta com a actuação da Banda Musical de São Pedro da Cova “O tiro eu acho que era para mim” líder de comunidade em São Pedro da Cova Fernando Fernandes Duarte é o principal rosto do associativismo em São Pedro da Cova Presidente da Associação ‘Vai Avante’ desde os anos 90 uma IPSS com vasta intervenção numa comunidade local pós-industrial num contexto operário e católico antigo sindicalista e recém-filiado militante do PS Duarte é um líder de comunidade Quem o conhece diz que “é muito raro que uma pessoa na posição do Duarte se mantenha durante décadas com a mesma integridade e com a mesma capacidade de colocar o interesse da comunidade à frente do seu e isso é uma característica notável” A análise é de Manuel Pizarro seu camarada dos tempos do PCP e atual ministro da Saúde O médico atira sobre o dirigente associativo: “Eu não tenho dúvidas que Portugal era um país ainda melhor se houvesse uns milhares de Fernandos Fernandes Duarte” Uma publicação partilhada por Porto Canal (@porto.canal) “Prepara-me aí a mala que amanhã vou pirar-me para o Porto” foram as palavras de Fernando Duarte para Fernanda uma empregada da pensão onde trabalhava que deram o mote para a mudança de vida e o fizeram rumar a Sul O momento aconteceu na pensão Mané Quem já não existe é Fernanda freguesia daquele concelho do distrito de Viana do Castelo Fernando Duarte vinha ao mundo a 31 de janeiro mas só foi registado no dia 2 de fevereiro “Foram registar-me no dia 2 de fevereiro porque não havia camioneta para Monção As pessoas só iam quando tinham transporte que só havia duas vezes por semana” com o Rio Minho a definir a raia com Espanha a ligação da região do Minho à Galiza sempre galgou as margens e na história deste monçanense não foi diferente “A minha mãe dizia-me que fui feito na Galiza” acrescentando: “e que nasci às duas horas da manhã” A infância de Fernando Duarte foi fugaz porque nós éramos uma família que vivia da agricultura tínhamos de ajudar quando vínhamos da escola tínhamos de levar os bois e as vacas a pastar tínhamos de ir buscar a água para casa para os animais e para nós porque não havia água pública tínhamos de ir a um fontanário” havia ainda uma outra forma de rendimento: “o contrabando” atividade comum nas proximidades da fronteira numa época em que o acesso aos produtos e a livre circulação de bens e pessoas era limitada pelo regime foi trabalhar a tempo inteiro para a pensão Mané A mãe trabalhava numa outra pensão e arranjou-lhe aquele trabalho como paquete As principais tarefas do pequeno Duarte passavam por “lavar a loiça e ir buscar as malas ao comboio numa carrela [padiola]” Nos dois anos anteriores já labutava naquela pensão durante as férias escolares O galo de Barcelos que levou Duarte de Monção para o Porto Fernando Duarte não trabalhou longos anos na Pensão Mané De lá saiu rumo ao Porto após um incidente com um cliente “Um senhor que era cliente lá da casa comprou um galo de Barcelos” sendo função do paquete “levar a mala para cima para o quarto dele” “Aquilo tinha umas escadas e a patroa dizia: ‘vocês não vão pela carpete é sempre por fora.’ Com os sapatos de sola escorreguei com a mala bati com a mala no degrau e deixei cair o galo de Barcelos e parti o galo de Barcelos” Depois desse incidente Fernando Duarte decidiu deixar Monção e rumar ao Porto “Vim para o Porto com uma mala de cartão” é uma das frases que tem gravada num placard que lhe foi oferecido pelo ATL da associação que preside atualmente Já tinha o contacto de Gonçalves Gomes – conhecido como “Samarra” e que mais tarde viria a ser comendador “Deu-me um cartão com a direção dele De manhã meti-me num autocarro e vim para o Porto vim ter com ele e ele arranjou-me emprego” Começou por trabalhar em farmácia “eu ainda sou do tempo em que se faziam os manipulados o monçanense naturalizado gondomarense recorda uma figura que viria a marcar a política nacional “o meu patrão era tio e padrinho do falecido Sá Carneiro” “Conheci-o pessoalmente porque ele ia para lá discutir política” sou dos dissidentes do Partido Comunista desde a perestroika” não tenhamos dúvidas.” Fora já a mãe uma figura da democracia e defensora dos direitos das mulheres “A minha falecida mãe lutou sempre pelos direitos das mulheres Era feminista e muito ligada aos movimentos da Maria de Lamas Esteve sempre ligada aos movimentos das mulheres Uma outra figura que evoca é Francisco Sá Carneiro Apesar do contacto com um dos fundadores do Partido Popular Democrático/Partido Social Democrata (PPD/PSD) Fernando Duarte pertencera sempre a um outro quadrante político Esteve na República Democrática Alemã (RDA) Recorda que havia “televisão muito controlada” no entanto foi a falta de acesso a produtos externos que o deixou mais perturbado foi que eu na altura já levei uma calças de ganga Eu levei dois pares e quando fomos preparados para ir para lá proibiram-nos de levar a ganga E a coisa que eles mais me pediam eram as calças de ganga lembra daquele curso de seis meses no estrangeiro Apesar de não ter estado ligado a nenhum partido durante muitos anos após a desfiliação do PCP tornou-se recentemente militante do Partido Socialista “Filiei-me agora há dias no PS” “Eu hoje sou militante do Partido Socialista E vim para o Partido Socialista por uma questão: para o PS ser um partido de esquerda” explica.“O Duarte é um homem de esquerda” identifica-se com “os valores da solidariedade isso é muito evidente no Duarte” frisa a eurodeputada Isabel Santos ao Porto Canal falando de um homem que conhece de longa data “É uma das minhas mais antigas amizades” A ligação de Duarte ao PS ganhou contornos mais concretos enquanto independente no apoio à candidatura de António Costa a secretário-geral do partido O adversário era António José Seguro “O Duarte esteve connosco nessa campanha e foi fundamental nessa estrutura de independentes que foi criada” quando conversamos pela primeira vez com Fernando Duarte O Primeiro-Ministro António Costa apresentou a demissão a 7 de novembro na sequência de uma investigação judicial que visa o seu governo e que levou o Ministério Público a anunciar a instauração de um inquérito autónomo contra si no Supremo Tribunal de Justiça Costa saiu da liderança do Governo e também da liderança do partido onde o seu lugar foi ocupado por Pedro Nuno Santos após a vitória nas internas frente a José Luís Carneiro as decisões serão tomadas a 10 de março o partido parece ter virado à esquerda as decisões nacionais ficam ainda por conhecer Duarte recorda um amigo que rumou ao PS e que hoje detém a pasta da Saúde “Sou amigo do Pizarro há 40 e tal anos nunca aquele homem me disse: ‘Tens aqui a ficha.’ E ele fez parte do Partido Comunista comigo e eu com ele… que até saí em solidariedade com ele” foi através da União da Juventude Comunista (que está na origem da Juventude Comunista Portuguesa após junção com a União dos Estudantes Comunistas) que surge a união entre Duarte e Pizarro Pertenceu ao “Comité Local do Porto com a Helena Medina” Foi funcionário do PCP onde “trabalhava em várias tarefas no partido” “Quando eu conheci o Duarte ainda éramos os dois militantes do Partido Comunista Português mas já os dois questionávamos se aquele caminho era o caminho que conduzia à nossa ideia de como é que a nossa sociedade portuguesa devia evoluir” conta Manuel Pizarro – o amigo de Duarte – ao Porto Canal Fernando Duarte explica a cisão com o partido Saí naquele grupo do falecido Pina Moura Acho que era um sistema que não se enquadrava Eu dizia: ‘Se aquilo é socialismo “Conheço o Fernando Duarte desde 1986” identifica com uma precisão clínica Manuel Pizarro que apelida “indestrutível” na tentativa de criar uma federação de associações de jovens do distrito do Porto Foi também o associativismo que aproximou outras figuras bem conhecidas de Duarte e Pizarro vereador da Câmara do Porto com o pelouro da educação Fernando Duarte acredita que “o PCP é necessário à democracia” mas abandonou o partido porque defende que o PCP “devia ter mudado” “Acho que devia ter dado liberdade aos seus militantes para ter opinião própria” aponta dizendo que “devia ser um partido aberto à sociedade e não é” a política é “um instrumento final para fazer o que ele deseja verdadeiramente fazer que é contribuir para melhorar a vida da sua comunidade” A análise é do amigo Pizarro o associativismo e a política nas últimas décadas Fernando Duarte era militante do Partido Comunista Português na altura do Processo Revolucionário em Curso (PREC) o antigo militante não esquece o momento em que foi retirado num veículo militar após um ataque à sede do Partido em Famalicão fui retirado pelo COPCON [Comando Operacional do Continente] numa chaimite da sede do Partido em Famalicão quando os reacionários a queimaram e nós estávamos lá dentro a defendê-la” lembra o momento vivido no verão quente de 75 Depois da passagem enquanto funcionário do Partido Comunista Português Fernando Duarte foi também funcionário sindical integrando o Sindicato dos Químicos e chegou a ser funcionário CGTP recorda Fernando Duarte os tempos em que integrou a intersindical também a presença no sindicato teve um fim “O que me levou a vir embora do sindicato foi o encerramento da CIFA em Valongo A causa do encerramento foram os sindicatos porque a empresa tinha um projeto para continuar mas tinha de despedir alguns funcionários” culpando o trabalho do sindicato no processo: “os dirigentes não tinham formação para fazer uma análise a uma empresa” A Fábrica de Fibras Artificiais CIFA fechou portas em 1983 depois de manifestações que levaram à morte de uma pessoa “Nós cortámos a estrada em Campo disparou um tiro e matou uma pessoa que ia no autocarro e que nem era trabalhador da CIFA” Fernando Duarte acredita que seria ele o destino daquela bala para a carrinha que estava a cortar o trânsito Duarte “transformou o ‘Vai Avante’ numa organização social poderosíssima” Atualmente é presidente da Associação Social e Recreativa Cultural e Bem Fazer ‘Vai Avante’ “Comecei a ser presidente em 1994… até hoje gostava que aparecessem duas listas” que defende que está a chegar o momento de deixar a liderança da associação Fernando Duarte “transformou o ‘Vai Avante numa organização social poderosíssima” viria apenas a ser reconhecida oficialmente em 1962 nada tem a ver com o PCP ou com o passado comunista do seu líder atual “Os homens que fundaram o ‘Vai Avante’ – praticamente há dois ou três vivos – começaram com a construção da Igreja A sede da associação viria a ser “construída com trabalho voluntário” fruto do empenho da comunidade de São Pedro da Cova – uma freguesia com um forte enraizamento comunista resultante do contexto operário e mineiro das antigas Minas de São Pedro da Cova Fora de resto a Companhia das Minas levou a igreja de São Pedro da Cova ao seu local atual a exploração mineira obrigara à demolição da igreja do século XVIII deslocando o local de culto do Passal até à Covilhã O edifício que vemos hoje em dia viria a nascer 100 anos depois fruto de movimentos bairristas juntamente com o pároco para angariar fundos para a construção a associação ‘Vai Avante’começou por funcionar numa tasca do bairro mas - mais tarde - mudou-se para o lugar de Tardariz a cerca de um quilómetro do local de nascimento Foi nessa altura que ganhou uma sede própria e é onde está hoje em dia No início dos anos 90 só lá trabalhava uma senhora a dias são quase cem os trabalhadores do ‘Vai Avante’ para assegurar os 16 serviços de apoio à infância Fernando Duarte foi avante dentro da associação mais tarde “Fui funcionário da Câmara e estive aqui 12 anos em que a câmara me dispensou para vir para aqui portanto estou na associação a tempo inteiro” nem ganho nada na associação” recebeu alguma resistência dos membros mais velhos “Quando formei a primeira direção com jovens porque os idosos não estavam preparados para ver os jovens assumirem a associação” viria a vencer a segunda eleição “A primeira coisa que fiz foi convidar e aumentar o número dos corpos sociais os outros que foram contra a minha lista e convidei-os a vir para a direção” A associação ‘Vai Avante’ deu um salto aprendeu a dar respostas à comunidade “Aquilo passou de uma coletividade tradicional algumas atividades culturais e recreativas para uma empresa de economia social pujante que dá resposta a um sem número de necessidades da comunidade gondomarense e continua a crescer e a reinventar-se Eu acho que isto revela uma enorme inteligência efetiva inteligência emocional e uma capacidade de liderança que faz dele um exemplo para todos nós” Falar do ‘Vai Avante’ ou de São Pedro da Cova em planos separados é uma tarefa árdua O movimento associativo nasce da comunidade A associação nasceu para oferecer atividades desportivas e de recreio não era possível evitar a pobreza que saía da mina A ajuda materializava-se através de medicamentos e alimentos àquela que era uma população pobre e que devido ao “pó das minas” vítimas da mina de São Pedro da Cova doença sem cura cujas vítimas nunca foram contabilizadas naquela freguesia de Gondomar A comunidade de São Pedro da Cova é “muito diversa da que era” há umas décadas quando Fernando Duarte começou “este percurso São Pedro da Cova era uma terra muito marcada pela exclusão que defende que “a integração do Duarte e do Vai Avante também contribuiu muito para essa mudança pela positiva.” São Pedro da Cova “não é nada do que é hoje” lembra Duarte entre um riso de desabafo que viaja aos tempos negros daquele lugar Mas como era São Pedro da Cova nos anos 90 quando Duarte chega à liderança do ‘Vai Avante Era uma freguesia com pouco mais de 18 mil pessoas havia ainda 994 habitações sem instalações sanitárias A rede pública de esgotos não estava desenvolvida naquela cidade colada ao rio Douro Mais de oito mil habitações estavam ligadas à rede pública de esgotos mas aquelas que estavam ligadas a sistemas particulares de esgotos eram mais de 28 mil São Pedro da Cova une-se com Fânzeres resultado da reorganização administrativa do território das freguesias - a conhecida Lei Relvas além da junção territorial o número de habitantes saltou para os 37.753 habitantes na união de freguesias em 2021 data dos últimos Censos em Portugal e olhando também para o número de habitantes em 1991 na freguesia de Fânzeres (17 mil) o crescimento em 30 anos foi de aproximadamente dois mil residentes Isabel Santos foi voluntária durante alguns anos “Foram anos fantásticos” no ‘Vai Avante’ durante os anos iniciais de Fernando Duarte na presidência “Foram anos de grande desafio e também de muita motivação Levámos muita gente a participar e fomos buscar muita gente jovem” Fernando Duarte mantém esse objetivo: “trazer para a associação os jovens” “acho que não vou estar a minha vida toda.” Esta reportagem é parte integrante da série “Líderes de Comunidade” os mineiros desta freguesia conseguiram por via da greve impor aumentos salariais de 15% Sujeitos a mobilização forçada desde 1943 os quase 800 homens e mulheres que trabalhavam num dos mais importantes complexos de extracção de carvão do país ganhavam Incapazes de trabalhar “com fome” uma greve que acabaria por se prolongar por seis dias e que viria a obrigar a empresa concessionária a dar-lhes aumentos na ordem dos 15% esse importante episódio da resistência de um povo cuja identidade é ainda moldada pelas memórias da exploração mineira Não Podiam Trabalhar Com Fome é a transposição da tese de mestrado defendida em 2011 por Daniel Vieira um militante comunista que preside à Junta de São Pedro da Cova que passou a estar agregada a Fânzeres que será lançada na próxima sexta-feira na véspera de mais um aniversário desse evento é mais um contributo para a historiografia dos movimentos operários que com sucessivas greves em vários sectores e pontos do país de testemunho da resistência do povo de São Pedro da Cova cujo destino se cruzou com a extracção de antracite desde o final do século XVIII Em múltiplos aspectos descritos neste livro a greve de 1946 não difere de outras desse período Não foi sequer tão forte e participada como a de 1923 ao longo das suas dez semanas provocou uma onda de solidariedade nacional e até internacional para com os mineiros de São Pedro da Cova a censura conseguiu que a paralisação e as detenções e outros esforços violentos para a reprimir terminassem sem que uma linha fosse escrita na imprensa legalizada o esforço dos trabalhadores para conseguirem melhores condições esforço esse que a 16 de Abril desse ano foi compensado com aumentos salariais que variaram entre os 14 e os 16% para todos os mineiros Uma das consequências mais relevadas por Daniel Vieira neste livro Como recordava a historiadora Irene Pimentel num artigo no PÚBLICO sobre o superavit registado pela economia portuguesa em 1943 de um salário mensal de 1650 escudos para comprar o “estritamente” necessário e "viver com decência e na maior modéstia" dos quais 28$09 para despesas de alimentação o salário médio da maioria dos trabalhadores fabris portugueses era de pouco mais de 15$00 (entre 1941 e 46 os trabalhadores de São Pedro da Cova ganhavam antes da greve precisamente entre 17 e 21 escudos por dia valores aos quais eram ainda descontadas despesas e taxas para o sindicato corporativo a par das péssimas condições de trabalho e as doenças a que estavam sujeitos os operários são apontados aliás como motivo para a falta de mão-de-obra de que se vinha queixando a própria administração que depois do pico de extracção de 1941 ano em que foi a mais importante mina de carvão do país vinha verificando quedas de produção numa vila com fortes ligações a esta profissão e cuja população aumentava Este problema foi parcialmente resolvido em 1943 com a entrada em vigor da mobilização forçada que tratou como desertor quem não se apresentasse ao trabalho e obrigou mais de 200 antigos mineiros a abandonarem empregos melhor remunerados noutras localidades que passou a ser controlada por um delegado do Ministério da Guerra E é este membro do regime que assume que uma das razões para o protesto que eclodiu no final de Fevereiro de 1946 residiria no incumprimento de “prometida melhoria ou actualização de salários” que não acompanharam a carestia de vida desses anos da guerra que fez explodir os preços de bens tão essenciais como o pão ou o peixe Outros dos objectivos de Daniel Vieira foi perceber até que ponto esta greve teve influência do PCP, como assumido em 2000 pelo antropólogo Jaime Moreira Guedes, na sua tese “Minas e Mineiros em São Pedro da Cova”. Ao PÚBLICO, no ano passado um antigo responsável da organização central do PCP no distrito do Porto “as pessoas mais activas não eram espontâneas estavam organizadas partidariamente” e que o “PCP tinha uma célula em São Pedro da Cova” Mas após a análise de várias fontes escritas e orais Daniel Vieira considerou não ser possível concluir que houve “uma acção determinante do PCP” na realização desta greve de classe a que não aderiram capatazes ou outros trabalhadores de categorias superiores e que teve como protagonistas gente com muito baixa instrução ou Dos relatórios dos inquéritos aos 31 detidos pela PIDE Daniel Vieira denota nos trabalhadores um esforço para vincar as motivações económicas do protesto activista do PCP que já trabalhava naqueles anos disse-lhe que a questão da fome foi quase uma palavra-chave a explicação que lhe foi dada à chegada à mina no primeiro dia de paralisação Tinha-se falado e a gente falava a este e àquele (…) eu já sabia cheguei à mina e andavam alguns cá fora e eu perguntei: - O que é que se passa E eu disse: - Então se é fome E sentei-me a conversar”.   e que segundo os documentos do arquivo do PCP terá sido seguida até por trabalhadores das instalações da empresa em Rio tinto (Gondomar) e no Monte Aventino (Porto) Chamada pelo delegado do Ministério da Guerra ia buscar os homens a casa e há relatos de espancamentos que não tinham qualquer cadastro por antecendentes de contestação passaram ainda a contar com ficha na PIDE e uma vigilância mais atenta da polícia política Se não instigou o arranque da greve – tese que o autor não põe de lado – o PCP muito bem informado sobre as condições de trabalho e os salários praticados como se verifica numa notícia do Avante E incentivou os trabalhadores das minas a prosseguirem o protesto distribuindo um panfleto nos primeiros dias de Março onde se liam apelos à solidariedade dos portugueses para com os grevistas “Que todos os portugueses apoiem esta luta exigindo que parte dos lucros fabulosos da Companhia das Minas de São Pedro da Cova seja repartida pelos mineiros explorados Os valentes mineiros precisam da ajuda de todos os portugueses honestos Escrevam cartas de protesto às autoridades contra a exploração feita aos mineiros” e o envolvimento do partido com esta comunidade mineira o prenúncio da politização desta comunidade e de uma ligação intensa que permanece até aos dias que correm e explica que o partido tenha aqui um raro bastião eleitoral no distrito Mas ao contrário do que acontecera em 1923 em que famílias da cidade do Porto chegaram a cuidar dos filhos dos mineiros durante a longa paralização em 1946 não houve nenhum movimento de solidariedade e a pressão policial a par das dificuldades económicas e do medo de represálias voltaram ao fundo das minas com uma vitória que haveria de lhes aparecer nas folhas salariais um mês depois Obra sobre a greve de 1923 a caminho  A frequentar neste momento o doutoramento em Ciência Política em Aveiro – com uma investigação em torno do efeito do efeito da austeridade no reaprofundamento das clivagens ideológicas no discurso político – Daniel Vieira promete não abandonar o seu interesse pela história local O autarca de São Pedro da Cova e Fânzeres espera publicar um trabalho sobre a greve de 1923 nas minas e vai acompanhando com atenção o que se vai escrevendo sobre a vila cujo museu acaba de receber um exemplar de um álbum fotográfico do início da década de 40 este neto de operários da mina e de um chapeleiro comunista e antigo preso político de São João da Madeira lança Não Podiam Trabalhar com Fome” na próxima sexta-feira no Auditório da Escola Profissional de Gondomar professor universitário e orientador da tese que deu origem ao livro.  Uma vítima mortal após atropelamento de camião em São Pedro da Cova Ao início da manhã deste sábado um atropelamento de um camião na estrada Dom Miguel os Bombeiros Voluntários de São Pedro da Cova adiantaram que na chegada ao local a vítima encontrava-se debaixo do camião tendo sido declarada óbito pela VMER do Centro Hospitalar de Santo António O acidente mobilizou 13 elementos dos Bombeiros Voluntários de São Pedro da Cova a ambulâncias de Suporte Imediato de Vida de Gondim a Viatura Médica de Emergência e Reanimação do Centro Hospitalar de Santo António e ainda a Unidade Móvel de Intervenção Psicológica de Emergência O alerta foi dado por volta das 9h15 da manhã deste sábado Atropelamento em São Pedro da Cova mobiliza 17 operacionais Os constantes bombardeamentos e a insegurança que se vivia na Síria não deixaram outra opção aos Baytar fizeram as malas e fugiram da terra natal em direção a Çaliş temeram pela vida e esconderam-se da polícia fizeram uma viagem de carro durante vinte horas até Istambul Estávamos sempre a esconder-nos da polícia” arranjaram um emprego numa fábrica de confeções a fim de conseguirem sustentar a família Um pároco de Gondomar soube da existência de famílias que estavam na Turquia e que se tinham inscrito no Programa de Reinstalação do ACNUR Sensibilizado com a situação e com a necessidade de estas pessoas encontrarem um porto seguro mostrou-se imediatamente disponível para acolher uma família Depois de um processo de seleção e aprovação de condições no que respeita à paróquia os Baytar tinham à sua espera no aeroporto de Lisboa o Padre Rosas encontraram uma comunidade aberta e disponível para os receber houve muita ajuda na preparação da chegada da família A comunidade paroquial tem tido uma atitude acolhedora” A chegada ainda é recente e há obstáculos a transpor até que seja possível a integração plena o que dificulta a comunicação com o Padre e com a comunidade O Padre conta que a comunicação com eles se faz através de uma aplicação de tradução automática e que isso causa alguns constrangimentos: “Eu ainda não sei toda a história deles À medida que eles vão aprendendo o português é só com o Google Tradutor e através de gestos que interagimos” A entrevista que realizamos seguiu exatamente esses trâmites o que dificulta a integração na comunidade não dominar do português é um obstáculo à integração profissional “Os rapazes têm mesmo muita vontade de trabalhar Mas já lhes foram recusados muitos trabalhos por não saberem português” O Padre Rosas não esconde a preocupação face ao período atual de pandemia que representa mais uma dificuldade para a integração profissional: “A situação atual é complicada em termos de trabalho O pároco explica que os rapazes mais velhos – Ibrahim 18 anos – têm experiência na área da costura e criam algumas peças que vendem à comunidade de forma a conseguirem obter algum rendimento muita gente lhes compra as peças que criam A paróquia tem recebido muito bem a família” o Padre Rosas não sente que a família esteja traumatizada Acredita que estejam abalados por terem de fugir da Síria e se encontrarem num lugar diferente Talvez estejam traumatizados por estarem fora do seu ambiente Mas não penso que estejam traumatizados por causa da guerra” Embora os Baytar tenham passado por situações muito complicadas e ainda se encontrem em processo de integração o Padre Rosas reconhece boa disposição e sinais de resiliência da parte da família Este bom humor e a capacidade de superação são sinais de uma certa valentia e resiliência” O Padre Rosas não hesita em dizer que a escola tem sido fundamental para a  integração dos filhos mais novos do casal As crianças frequentam a Escola Básica de Vila Verde e estão a ser acompanhadas por uma equipa de professoras dedicadas à sua integração e bem-estar “A escola tem sido um fator excecional de integração” O pároco refere ainda que os alunos da escola receberam muito bem os sírios e que “Quando as crianças se sentem bem e acolhidas A escola é fundamental na integração das crianças na comunidade dizem que quando os meninos chegaram à escola vinham com uma postura fechada e desconfiada Recordam que ambos protegiam-se mutuamente e só brincavam um com o outro cada um já está integrado na respetiva turma o menino “chorava muito e não queria ir para a escola” A professora diz que a maior dificuldade de integração de Yazir é a língua Apesar de os irmãos estarem a ter aulas de português duas vezes por semana o que dificulta a comunicação com a comunidade escolar A professora Aurora já nota progressos desde o início das aulas que mesmo existindo a barreira linguística Yazir não é deixado de parte nas horas de lazer “Os meninos da turma vão sempre chamá-lo para brincar ele nunca fica de parte.” A docente conta ainda que quando Yazir começou as aulas a casa do menino para se apresentarem e ofereceram presentes de boas-vindas Outra dificuldade sentida por Yazir foi a alimentação “O Yazir chorava muito na hora das refeições A nossa cultura é diferente da dele e isso deve ter sido um choque” Apesar de todas as dificuldades e de a integração ainda não ser completa Sandra Viana leciona o 4.º ano onde Maran está integrada Recorda com muita emoção a chegada dos meninos à escola Admite que já estava sensibilizada para a questão dos refugiados e que encarou a chegada dos meninos como um desafio “Eu já estava sensibilizada para esta realidade percebi que eram crianças aparentemente saudáveis e que estavam bem Pensei logo no que poderia fazer por estas crianças” “Todos eles vibram com as conquistas da Maran foi pedido aos alunos que fizessem um exercício de empatia e se colocassem no lugar da menina Expliquei-lhes que íamos receber uma aluna nova e que nos devíamos pôr no lugar dela Pedi-lhes que imaginassem como seria se tivessem de ser obrigados a ir para outro país onde não conhecessem nada nem conseguissem comunicar Disse-lhes para imaginarem que tinham de deixar a casa A preparação foi feita no sentido de explicar à turma a realidade de Maran para que os alunos ficassem ao corrente das circunstâncias vividas pela nova colega Maran foi integrada no 4.º ano devido à idade Esta decisão prendeu-se com o facto de a equipa educativa ter decidido que seria mais benéfico para a menina ficar junto de colegas da sua idade o que poderia ser causa de frustração devido à diferença de interesses entre as duas faixas etárias foi feita uma avaliação para perceber o nível de escolaridade da menina o que acabou por facilitar a iniciação à escrita do português pois não possuía a noção da escrita do alfabeto árabe ter uma casa e constituir família em Portugal Mohammed tem o sonho de ser jogador de futebol enquanto Ibraim gostava muito de montar um ginásio e o pequeno Yazir tem o mesmo sonho que o irmão mais velho Sandra Viana reconhece que a língua é uma grande barreira à comunicação mas entende que o processo de adaptação é lento o objetivo imediato é “trabalhar a oralidade” para que Maran consiga integrar-se e “comunicar com os pares” a docente utiliza o “método das 28 palavras” que consiste na formação de várias palavras com as sílabas de uma só palavra este método é bastante adequado para a comunicação diária com toda a comunidade escolar Maran já sabe dizer várias palavras: menino A professora realça que “mais importante do que escrever em português é ela comunicar e sentir-se feliz na escola” Sandra Viana destaca a atitude de Maran no processo de aprendizagem A docente elogia a atitude da turma em relação a Maran o facto de a turma ter de lidar com uma colega de um contexto diferente e passado difícil pode contribuir para a formação das crianças e torná-las mais conscientes e atentas em relação à diferença e às dificuldades do outro Apesar de terem deixado para trás uma história a família está determinada em continuar a lutar por uma vida melhor O maior anseio do casal é a reunião total da família Nenhum dos Baytar pretende voltar para a Síria Visitar o país que abandonaram está no projeto da família Este trabalho foi originalmente realizado para o jornal O Impresso no âmbito da disciplina de AIJ/Online e Imprensa – 3.º ano